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Fact Check Madeira

Mais turistas representam aumento de resíduos na Calheta?

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O número de visitas de turistas na Madeira estará a ter efeitos directos na produção de resíduos? Aparentemente parece ser uma equação proporcional seguindo a lógica à capitação anual de 507 kg/hab. ano, ou seja uma produção diária equivalente a 1,39 quilos por habitante, se levarmos em linha de conta a média nacional e segundo dados revelados pela Agência Portuguesa do Ambiente, fomos constatar a realidade. 

O assunto vem a propósito depois ter ganho dimensão por via dos reparos ao volume de lixo encontrado nos três eco-pontos da freguesia do Jardim do Mar. A localidade mais pequena do concelho da Calheta mas que por esta altura no ano regista um aglomerado populacional exponencial sobretudo porque a praia é um factor de atractividade estava no centro.

Nessa ocasião, o leitor Luís Filipe Nunes comentava a notícia, dizendo que “o excesso de turistas está a contribuir para mais poluição”.

Por sua vez, o presidente da autarquia admitia dificuldades mas também pedia bom-senso e colaboração na recolha e deposição dos resíduos aproveitando para sensibilizar os visitantes para evitarem eco-pontos ou recipientes que fosse visível a saturação ou que já estivesse acima do próprio limite.

Também recentemente, nas proximidades do Pico do Areeiro deu polémica a quantidade de sacos de lixo encontrados no miradouro. Dois momentos que fomentou a discussão nos mais variados fóruns e cujo debate invariavelmente ia dar ao mesmo caminho de que havia excesso de turistas e a resposta ficava aquém.

Ora nos dados que tivemos acesso, é possível verificar um aumento significativo que o concelho da Calheta está a ter nos últimos quatro anos. A tendência tem sido sempre numa linha ascendente. Em 2021 a recolha de indiferenciado foi de 4.293 toneladas.

Em 2022 foram 4.546 toneladas e em 2023 ultrapassou as 4.743 toneladas. Nos primeiros sete meses deste ano o município tinha recolhido 2.764 toneladas de lixo indiferenciado um valor que não inclui os meses de Agosto e de Dezembro, tradicionalmente associados a períodos de férias e de quadras festivas como são os casos do Natal e o final do ano e que são geradores de muita quantidade de resíduos. 

Ainda sobre este assunto a Câmara da Calheta reforçou os circuitos de recolha nomeadamente à sexta-feira e algumas vezes ao sábado quando se justifica. De resto o pelouro da salubridade tem vindo a emitir alertas para que os munícipes contactem a edilidade quando as quantidades de resíduos para não esgotar a capacidade dos recipientes os eco-pontos e preservar uma imagem de um concelho limpo e amigo do ambiente.

Também nos resíduos recicláveis o concelho também estar a ter uma produção acima dos anos anteriores. No vidro a recolha em 2023 atingiram as 266 toneladas quando em 2021 tinham sido 223. Este ano, de Janeiro a Julho, já foram recolhidas 161 toneladas.

No passado dia 24 de Junho, Dia do Concelho, no discurso habitual que marca a sessão solene comemorativa, o presidente da edilidade afirmou que o município já ultrapassou as mil unidades de Alojamento Local que a par das estalagens, quintas e hotéis, a oferta turística soma mais de 5 mil camas.

Ainda que não haja dados disponíveis que esta correlecção de resíduos seja directamente causada pelos turistas, a verdade é notória a presença dos mesmos em várias áreas.

Também não terá sido inocente a entrada em vigor de uma taxa turística a partir de 1 de Outubro. A taxa assume a forma de taxa de dormida e, como nos demais concelhos, é fixada em 2 euros por dormida remunerada até ao máximo de sete noites seguidas.

A medida surge para minimizar custos de manutenção e de serviços que o município está a ter, um deles é precisamente no aumento da despesa na salubridade.

Mais turistas representam aumento de resíduos na Calheta?