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Governo Regional Desorientado

O inferno dos incêndios regressou à Região agarrado aos mesmos erros políticos de sempre, ao nível da coordenação, mas também no âmbito da prevenção. O problema é estrutural e os erros cometidos começaram muito antes da deflagração do fogo, com a falta de uma gestão adequada da floresta, com a falta de planeamento e de limpeza das serras, com a inexistência de uma política de prevenção estruturada e integrada, envolvendo todos, o setor público e os privados.

O incêndio que, rapidamente, se transformou em várias frentes descontroladas começou na passada quarta-feira e foi subindo e descendo encostas, sem dó nem piedade, enfrentado pelos nossos bombeiros, homens e mulheres incansáveis, autênticos heróis que nunca viram a cara à luta, na defesa das nossas populações.

Tendo em conta a previsão do tempo, o aumento da temperatura e do vento; tendo em conta o nosso histórico, a memória dos incêndios anteriores; conhecendo as características da orografia do nosso território e sabendo que as serras estavam repletas de infestantes, matos e outro material combustível, o sentido de responsabilidade de quem nos governa deveria ter garantido, logo de início, a ativação do Plano Regional de Emergência de Proteção Civil e aceitado de imediato a ajuda do Governo da República e dos Açores.

Não havia espaço para hesitações nem tempo para o Presidente do Governo e o Secretário Regional da Proteção Civil agirem ao sabor das teorias ocas do “achismo” e de uma mentalidade pequenina inchada de complexos, de preconceitos e de tiques autocratas.

Apenas 4 dias depois de os incêndios terem iniciado a devastação, chegou o Secretário Regional responsável pela Proteção Civil dizendo: “Quanto aos meios terrestres foram empenhados os meios necessários. Estão junto a este incêndio 54 dos 750 bombeiros da Madeira e 18 das mais de 100 viaturas de combate que existem, nem 10% dos meios da Região estão a ser utilizados”. Todavia, duas horas depois destas declarações, com o incêndio há muito tempo descontrolado, num ziguezague constante, o mesmo Secretário recua, e bem, e informa que iriam aceitar a ajuda da República.

Os erros repetem-se incêndio após incêndio. E o que vão fazer as entidades depois dos incêndios extintos? A história vai repetir-se? Vamos voltar a assistir aos mesmos discursos de propaganda, à mesma desresponsabilização, à mesma teimosia, à mesma falta de humildade democrática de ouvir quem pensa diferente e tem propostas concretas, exequíveis e credíveis? E depois ficará tudo igual até ao próximo grande incêndio?

Ao longo dos últimos anos, o PS tem vindo a apresentar, na Assembleia Legislativa, diversas propostas concretas, relacionadas com a mitigação de riscos e prejuízos resultantes de incêndios, com a definição de um outro ordenamento e gestão da floresta, repensando a reflorestação, investindo na criação de mais faixas corta-fogo e em dinâmicas mais eficazes de limpeza das serras. Defendemos a realização de um estudo e de uma avaliação independente pós-incêndios que identifique os riscos associados às vulnerabilidades da floresta regional, no sentido de perceber a melhor forma de intervir.

Não obstante, todas as nossas propostas foram desvalorizadas e chumbadas pelo PSD e pelo CDS. Não vamos desistir.