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Reino Unido vai tratar misoginia como uma forma de "extremismo ideológico"

Foto Shutterstock
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O Governo trabalhista do Reino Unido vai tratar a misoginia extrema como outra forma de "extremismo ideológico", informou ontem o Ministério do Interior em comunicado.

A secretária de Estado de Assuntos do Interior, Yvette Cooper, ordenou uma revisão das "lacunas" na atual estratégia de combate aos extremismos do Reino Unido para determinar a melhor forma de enfrentar as ameaças representadas por ideologias "nocivas" e confirmou que a revisão incluirá o ódio às mulheres, já que é uma das tendências que estão a ganhar terreno, cita a agência Efe.

O anúncio surge na sequência dos motins que afetaram várias cidades do Reino Unido após o esfaqueamento mortal de três raparigas em Southport, e que levaram a que várias centenas de pessoas fossem levadas a tribunal, sendo que pelo menos 72 dos acusados eram menores.

"Os governos há muito que não conseguem combater o aumento do extremismo na Internet e nas nossas ruas e temos assistido ao crescimento do número de jovens radicalizados 'online'", afirmou Cooper, que irá analisar em profundidade as causas deste comportamento.

Após os protestos, houve acusações relativamente a materiais publicados que contribuíram para os motins e encorajaram o ódio racial através de publicações escritas ou mensagens ofensivas, o que, segundo o Ministro do Interior, "fraturou" o "tecido" das comunidades britânicas e da democracia.

Cooper criticou a falta de compreensão e de planos práticos do anterior Governo conservador para travar o extremismo e garantiu que o plano trabalhista irá também estudar o aumento da islamofobia e as tendências ideológicas da extrema-direita.

Mais de mil pessoas foram detidas, segundo a polícia britânica, devido aos motins ocorridos após a morte das três meninas, uma delas lusodescendente, em Southport, no noroeste de Inglaterra.

Os rumores sobre o suspeito, falsamente apresentado como um requerente de asilo muçulmano, foram espalhados por relatos da extrema-direita nas redes sociais, causando violentos protestos anti-imigração e contramanifestações nas ruas nos dia seguintes ao ataque.