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20Agosto24

Em plena época de férias estivais, como habitualmente sobra mês e falta assunto para escrever ou sequer para divagar sobre as incidências do dia-a-dia: os políticos e seus apêndices vão a banhos, o povo vai a banhos, os decisores e “influencers” (proponho que comecem a ser chamados pelo nome português – influençadores) tão na moda vão a banhos e como em banhos nada se decide, nada se influencia, nem se tomam decisões dignas de registo (para além de umas cervejolas ou umas vinhaças para ajudar a empurrar o empanturranço)!

Poderia falar de Saúde, afinal tenho mais de quarenta anos de experiência e de vivência no sector, mas acho que há pessoas muito mais abalizadas, cheias de (bem, ia soltar uma “asneira”, mas é melhor não…) muito mais conhecimento do que eu para discorrerem sobre o que se vai passando no sector, com urgências em exaustão e atrasos em muitos actos médicos essenciais (falo obviamente do que se passa lá no continente, porque por aqui felizmente as coisas correm sobre carris, mesmo que não tenhamos comboios para ocupar os ditos), com planos muito bem estruturados e bonitos de se ver no papel, mas que pouco valem se os pressupostos não estão correctos à partida.

Poderia falar de desporto, afinal tivemos o campeonato da Europa de futebol na Alemanha e os Jogos Olímpicos de Paris, nos quais o nosso País teve um comportamento digno de registo pela forma como os atletas se comportaram e se apresentaram às provas para as quais foram selecionados. Num País sem qualquer tradição de haver qualquer plano (outra vez um plano) de fomento ou desenvolvimento do desporto de uma forma sustentada, ter representação no Campeonato europeu de futebol, ter mais de setenta (70) atletas a competirem nos Jogos Olímpicos é um feito que se deve louvar. O desporto em si é um parente pobre do nosso sistema (?) educativo, sem qualquer incentivo capaz de fazer com que os jovens olhem para a actividade desportiva como um modo de vida complementar à instrução indispensável para que tenham uma vida com qualidade, e repito, a actividade desportiva deveria ser encarada e ensinada como um modo de vida tão importante como saber ler e interpretar os desafios que a instrução e a educação colocam, mas reconheço que não sendo a minha área de intervenção, também aqui acho há pessoas muito mais abalizadas, cheias de (bem, ia outra vez soltar uma “asneira”, mas é melhor não…) muito mais conhecimento do que eu para discorrerem sobre o que se vai passando no sector, e não tenho vontade nenhuma de ser eventualmente mais um treinador de bancada igual a tantos que pululam discorrendo sobre as minudências que existem em qualquer jogada em qualquer jogo jogado.

Poderia falar de ralis, afinal tenho mais de trinta anos de experiência de dirigismo no sector (seja como director de prova, seja como comissário desportivo ou observador tanto da Federação Internacional do Automóvel como da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting, da qual faço parte da Direcção), tendo antes sido praticante por mais cerca de dez anos, mas também aqui haverá certamente gente muito mais (mais uma vez ia soltar uma “asneira”, mas é melhor não…) bem preparada para opinar sobre tudo o que são os regulamentos nacionais e internacionais, e principalmente da sua interpretação e aplicação na prática de uma prova, e não desejo ultrapassar todos quanto através da mais diversas redes sociais se acham possuidores da sapiência total e do “assim é que é” ou o pior “lá fora faz-se assim ou assado”, sem nunca terem ido “lá fora”, que é como quem diz, para lá do Ilhéu de Cima.

Poderia falar um pouco de política, já que estando os políticos a banhos não se iriam melindrar com qualquer comentário menos elogioso (sabemos como gostam de comentários elogiosos e não gostam de comentários menos elogiosos, os políticos), mas não sendo de todo a minha área de intervenção e conhecimento, também aqui acho que há uma miríade de conhecedores (bem que apetece soltar uma “asneira”, mas é melhor não…) e fazedores de opinião, vulgo comentadores/influençadores que, também na miríade de redes sociais e meios de comunicação social existente actualmente, debitam todo o seu conhecimento e sapiência sobre a actividade da política e dos políticos, que seria presunçoso da minha parte pensar que poderia acrescentar um qualquer ponto aos muitos que os influençadores nos presenteiam diariamente, se bem que agora um pouco menos, já que também vão a banhos, os comentadores.