DNOTICIAS.PT
None
Explicador Mundo

Nova estirpe do mpox é “mais perigosa”

A Organização Mundial de Saúde (OMS) voltou a declarar o vírus Mpox como “emergência de saúde pública global”.

Numa reunião realizada esta quarta-feira, 14 de agosto, o Comité de Emergência para a Mpox (anteriormente conhecida como varíola dos macacos) declarou que a situação constitui uma emergência de saúde pública de âmbito internacional.

Uma nova variante, denominada ‘clade 1b’, foi identificada na República Democrática do Congo em Setembro de 2023 e, posteriormente, foram relatados casos em diversos países vizinhos. De acordo com a OMS, essa nova variante provoca doenças mais graves do que a anterior, justificando assim a sua classificação como uma emergência global.

O QUE É O MPOX?

Este é o nome dado à infecção por vírus Monkeypox (VMPX), um vírus zoonótico que pode ser transmitido de animal para pessoa e entre pessoas. Foi descoberta pela primeira vez em macacos utilizados para investigação em 1958, de acordo com a OMS. O primeiro caso humano foi registado em 1970 no que é hoje a República Democrática do Congo. O vírus é agora endémico em países da África Central e Ocidental, mas causou um surto global em 2022 em países que nunca tinham notificado casos anteriormente, como aconteceu Europa.

QUAL É A NOVA VARIANTE?

O vírus monkeypox é classificado em duas clades principais: a Clade 1, que está actualmente em circulação e está associada a doenças mais severas e mortes. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, surtos causados por essa clade já resultaram na morte de até 10% dos infectados, embora os surtos mais recentes tenham apresentado taxas de mortalidade menores. Por outro lado, a Clade 2, é o tipo de vírus responsável pelo surto global iniciado em 2022, e causa infecções menos graves, com uma taxa de sobrevivência de 99,9%.

Mas a nova estirpe ‘Clade 1b’ é uma variante da Clade 1, e é conhecida por circular na República Democrática do Congo. Esta variante é mais transmissível e tende a causar uma doença mais grave, sendo considerada mais letal.

COMO SE TRASMITE?

De acordo com o site do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o vírus Monkeypox pode ser transmitido entre humanos através de pequenas lesões na pele ou mucosas, incluindo as mucosas dos olhos, nariz, boca, genitais e região anal. O risco de contrair o vírus aumenta com o contato íntimo e prolongado entre pessoas ou com objetos contaminados.

QUAIS SÃO OS SINTOMAS?

A infecção humana deste vírus apresenta-se de início súbito com o aparecimento de pelo menos um dos seguintes sinais e sintomas: exantema (lesões na pele ou mucosas), queixas anogenitais (incluindo úlceras), febre (>38,0ºC), dores de cabeça, cansaço, dores musculares, gânglios linfáticos aumentados, poucos dias antes da erupção ou em simultâneo.

As lesões na pele ou mucosas (começam por ser manchas planas, depois com relevo, tornam-se vesículas com conteúdo líquido, pústulas geralmente umbilicadas e, finalmente, formam-se úlceras e crostas que acabam por cair).

As lesões cutâneas podem ser localizadas numa determinada região do corpo ou generalizadas, atingindo habitualmente a face e boca, membros superiores e inferiores ou região anogenital. O número de lesões numa pessoa pode variar e podem mesmo atingir as palmas das mãos e plantas dos pés.

Estes sinais e sintomas, geralmente, duram entre 2 a 4 semanas.

HÁ TRATAMENTO?

Não, geralmente não é necessário, excepto em casos mais graves que exigem hospitalização. Normalmente, a doença resolve-se sozinha, e medidas simples, como cuidados de higiene, vigilância e uso de medicamentos para alívio da dor, são suficientes.

HÁ VACINA?

Sim. A vacina disponível consiste numa vacina de terceira geração contra a varíola. Neste momento, são elegíveis para vacinação: os grupos com risco acrescido por infecção humana pelo vírus mpox, em contexto de vacinação preventiva; e pessoas que tenham tido contacto próximo com um caso confirmado de infecção, isto é, em contexto de vacinação pós-exposição ao vírus.

O QUE FAZER SE FOR INFECTADO?

As autoridades de saúde em Portugal recomendam isolamento em casa e distanciamento físico até que as lesões cutâneas cicatrizem, o que pode levar de duas a quatro semanas. É importante evitar o contato directo com a pele de outras pessoas. Além disso, é essencial manter uma boa higiene, não compartilhar objectos pessoais e lavar roupas a temperaturas superiores a 60ºC. Também é recomendado ligar para o SNS 24 para que possam ser identificadas e avisadas as pessoas com quem se teve contacto.