Reforço de meios aéreos “não traz nenhuma vantagem para a Região”
Pedro Ramos reitera a recusa de ajuda externa e assume que “neste momento os meios da Região não estão totalmente esgotados”
"É preciso ver que os helicópteros não têm autonomia para vir fazer a viagem de Lisboa para o Funchal", sublinhou o governante
Ao quarto dia de incêndios na Madeira, um governante compareceu no terreno. Coube a Pedro Ramos, secretário regional da Saúde e Protecção Civil, explicar o motivo pelo qual o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque decidiu recusar, ontem, a ajuda de meios disponibilizados pela República, uma posição que tem gerado um coro de críticas por parte da oposição.
“Neste momento justifica-se a recusa”, reiterou o governante, questionado pelos jornalistas no Curral das Freiras, onde decorre uma das frentes activas do incêndio que deflagrou na quarta-feira, na Serra de Água, no concelho vizinho da Ribeira Brava.
“Estamos satisfeitos, já no ano passado fomos nós que pedimos, tivemos aqui os sapadores profissionais que estiveram a nos ajudar nos incêndios na Calheta. Neste momento, os meios da Região não estão totalmente esgotados”, garantiu Pedro Ramos que assegura que o executivo tem estado a acompanhar o desenrolar dos acontecimentos.
"Temos 54 operacionais no terreno de um total de 750 bombeiros. Temos 18 veículos de um total de mais de uma centena de veículos. É preciso ver que em Portugal também estão a decorrer incêndios e não vamos estar a deslocar meios onde são precisos", declarou o secretário com a tutela da Protecção Civil.
“Desde quarta-feira que estamos a acompanhar este incêndio que está com características desafiantes. Não só o vento forte, a humidade é também muito baixa e temperaturas extremamente altas”, confirma Pedro Ramos.
Lembrou que o incêndio começou em zonas inacessíveis onde só o helicóptero poderá intervir e conter o alastrar das chamas.
Por outro lado, lembrou a logística necessária à deslocação de meios aéreos a partir de países como Portugal ou Espanha, justificando que não têm autonomia própria. "É preciso ver que os helicópteros não têm autonomia para vir fazer a viagem de Lisboa para o Funchal. Têm de vir de barco num contentor, como o nosso da primeira vez que veio para cá", justificou.
Pedro Ramos disse que desde a passada quarta-feira que tem estado em contacto com o secretário de estado da Protecção Civil e que "todas as hipóteses estão a ser ponderadas" mas que até ao momento os meios da Região são suficientes para debelar o incêndio e isso mesmo foi dito no contacto estabelecido esta manhã com Paulo Ribeiro a informar os pontos de sirtuação. "Estamos em sintonia", assegurou.
O secretário da Protecção Civil está confiante na evolução do incêndio, lembrando que a previsão do estado do tempo aponta para que o vento comece a diminuir a partir de domingo. "Vamos ver se durante o dia de hoje as coisas ficam mais controladas", apontou.
"Nem 10% dos meios operacionais da Região foram utilizados"
Tal como Miguel Albuquerque, também Pedro Ramos encontra-se de férias. O secretário com a tutela da Protecção Civil interrompeu-as para dar a cara pelo Governo Regional. "É preciso ver que nós estamos a acompanhar e que eu saiba desde que o incêndio começou os meios foram accionados de acordo com as necessidades e neste momento nem 10% dos meios operacionais da Região foram utilizados", respondeu aos jornalistas.
"Neste momento não há necessidade de ter mais meios porque o fogo começou em zonas inacessíveis nso quais os meios terrestres não têm acesso", insistiu Pedro Ramos que recusa o sentimento de insegurança da população do Curral das Freiras.
Apoio clínico, psicológico e social disponibilizado
"A população tem de se sentir segura porque, por exemplo, esta noite, houve duas zonas das Terra Chã e da Seara Velha que foram evacuadas às 3 da manhã, que estão aqui na igreja e que estão já com todo o apoio clínico, psicológico e social", salientou Pedro Ramos, que agradeceu o empenho do Comando Operacional da Madeira e dos supermercados.
Quanto à petição pública para que haja reforços de meios aéros no terreno, Pedro Ramos, não vê nenhuma vantagem para a Madeira com as actuais condições. “É sempre possível fazer chegar aqui mais um meio aéreo, mas já temos um helicóptero que não pode funcionar e ter mais um meio aéreo que não pode funcionar não há nenhuma vantagem para a Região”.