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Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...

O cenário político atual está em constante transformação, refletindo as mudanças nas expectativas e nas exigências da sociedade madeirense e porto-santense. Em décadas passadas, o foco central das campanhas eleitorais e das gestões governamentais girava em torno de promessas de obras e infraestruturas. Asfaltar estradas, construir pontes, túneis, hospitais, portos e escolas eram prioridades claras e, muitas vezes, suficientes para conquistar o apoio popular.

Os eleitores procuravam políticos que pudessem concretizar essas promessas tangíveis, que, para a época, eram o símbolo do progresso. Essas obras, na sua maioria, trouxeram benefícios indiscutíveis, ligando pessoas, impulsionando o turismo, e melhorando a qualidade de vida de muitos madeirenses e portosantenses.

Contudo, a sociedade de hoje é muito mais complexa e informada. As expectativas não se limitam mais a ver a cidade revestida de cimento e betão. A população exige algo que vai para além da materialidade das obras, a população anseia por políticas públicas que realmente melhorem a qualidade de vida num sentido mais amplo e sustentável.

Educação de qualidade, saúde eficiente, segurança, sustentabilidade ambiental, gestão dos recursos hídricos e a proteção das encostas, habitação, e, acima de tudo, a participação democrática são agora prioridades. Esse novo cenário revela um descompasso crescente entre os políticos tradicionais e a população.

Políticos esses que ainda se agarram ao velho paradigma, acreditando que prometer e realizar grandes obras é suficiente para garantir o apoio popular. No entanto, não percebem que as necessidades e as aspirações da população evoluíram. A era da simples política de betão e cimento parece ter ficado para trás. Hoje, a população quer mais que obras, quer coerência, ética, e políticas que façam sentido no contexto atual.

A juventude madeirense, especialmente, quer ver políticas que ofereçam oportunidades reais de desenvolvimento pessoal e profissional, para que não precisem deixar o arquipélago em busca de melhores condições de vida, jovens estes com formação superior e de qualidade.

A saúde, outro pilar crucial, exige uma gestão mais eficiente e acessível, enquanto a habitação tornou-se uma questão urgente e inadiável, intensificada pelo aumento do custo de vida impulsionado pelo turismo e pela ganância.

Queremos governantes que compreendam os desafios do século XXI, que estudem de raiz a crise climática, as desigualdades sociais, habitação a preços decentes para os jovens, a necessidade de inovação tecnológica e a urgência de uma gestão pública mais participativa e transparente. A desilusão com as promessas vazias de campanhas passadas tem gerado um eleitorado mais crítico e exigente, que não se deixa guiar por promessas superficiais.

A confiança, agora, é depositada em quem apresenta planos fazíveis, que vão além das obras físicas, e que demonstrem um compromisso genuíno com o bem-estar coletivo e com a pegada que deixaremos para o futuro. O sucesso político no mundo contemporâneo exige uma perceção acertada das mudanças sociais. Os políticos que entenderem essa nova dinâmica, que enxergarem além do imediatismo das obras físicas e se focarem em políticas integradas e sustentáveis, serão aqueles capazes de construir um futuro que realmente atenda às expectativas da sociedade atual. Os que não acompanharem essa evolução estarão destinados à irrelevância, vítimas de um tempo que já não existe mais.