Funchal à Pedrada
Como resumir três anos de “Funchal Sempre à Frente” na Câmara Municipal? O que trouxeram de novo? Nada. O que fizeram? O que receberam planeado. O que deixarão? O caos. Três anos, três marcas de uma governação que tornou evidente o erro que foi votar PSD/CDS nas últimas eleições autárquicas.
Se Pedro Calado marcou os últimos anos da sua atividade política pelo registo típico do PSD de “falar grosso”, Cristina Pedra será recordada pela sobranceria habitual com que uma certa “elite” regional trata todos os outros, com a suposta superioridade de quem afinal esconde, por baixo de tais vestes, múltiplas incapacidades. Cristina Pedra nunca tentou, sequer, ser uma Presidente de Câmara diferente da imagem empresarial distante que sempre cultivou.
PSD e CDS venceram as eleições cheios de promessas fáceis que tudo resolveriam. O exemplo do parque de estacionamento no Largo do Colégio é o mais evidente - tão mau, tão mau, tão mau, que até Miguel Albuquerque criticou a ideia lançada pelo seu suposto sucessor. Mas há outro: o da resolução do trânsito nos acessos à Via Rápida. Eram nós e mais nós que seriam recriados - apesar de todos sabermos que a Câmara Municipal nunca teria nada a fazer numa matéria da responsabilidade do Governo Regional. Moral da história: três anos depois, nada feito, nada resolvido, nada de novo concretizado.
A que se dedicaram então PSD e CDS durante estes três anos? Para além da difamação permanente a quem os antecedeu, a concluírem o que receberam planeado, por vezes até quase pronto. Os exemplos são infinitos, mas o mais paradigmático é mesmo o do Mercado dos Lavradores: desde 2018, Rubina Leal e companhia fizeram tudo o que estava ao seu alcance, envolvendo até a Assembleia Regional e a famigerada Direção Regional da Cultura num processo de classificação apressado e atabalhoado, para impedirem que o projeto financiado pelo Turismo de Portugal em trezentos mil euros, de preservação e modernização desse equipamento, avançasse. Com o projeto pronto e o dinheiro em caixa, bastou chegarem à Câmara para concluírem o que sempre bloquearam. Moral da história: a obra está feita e o Mercado, como sempre se disse, ficou melhor. Mas há mais casos semelhantes: o novo centro operacional da cidade em Santa Rita, o novo centro cultural no antigo Matadouro, a ETAR do Lazareto, ou os novos acessos rodoviários em Santo António são apenas alguns.
Depois de tudo isto, o que deixará então esta gestão? O caos absoluto. O caos governativo, com uma vereação que expurgou o CDS assim que começou, perdeu a sua liderança pelo meio e substitui vereadores a um ritmo tal que até o último da lista já por lá passou. O caos diretivo, com novos cargos e um número de dirigentes exagerado, mas que resistem no cargo ainda menos tempo do que os vereadores. Nos mercados, já vão quase numa mão cheia. E, finalmente, o caos político, com avanços e recuos diários que deixam o município sem rumo. Os exemplos da Taxa Turística e da Polícia Municipal são os mais evidentes: antes não queriam, agora querem, mas não sabem como fazer.
A única coisa boa que sobra é que o Funchal continua a ter um projeto político alternativo sólido, construído por quem conhece o Funchal melhor do que ninguém, porque entende a sua gente, as suas dificuldades e as suas necessidades. Que sabe o que ficou por fazer durante mais de trinta anos de governação do PSD e retomada em 2021. Que sabe como fazer. É hoje evidente aos olhos de todos os funchalenses que Miguel Silva Gouveia era, é e será, se assim entender, o homem mais bem preparado para liderar os destinos do Funchal como Presidente da Câmara. Praticamente contra tudo e contra todos, assumiu o lugar de vereador da oposição e resistiu até aqui: firme nas suas convicções, leal ao seu projeto político e com a confiança de quem sabe o que é melhor para o Funchal.
Não duvido, por isso, de que só há uma forma do Funchal corrigir o erro de há três anos e recuperar o tempo perdido, retirando-nos da idade da pedra e colocando-nos de novo no caminho do progresso: daqui a um ano, voltar a colocar o homem e o projeto certos à frente do Funchal. Que todos nós, funchalenses e partidos da oposição, tenhamos esse discernimento e ajudemos com a nossa energia e convicção.