Armazenar água

O ministro da agricultura (MA) perante a situação de seca que atinge o sul do País e ainda que não excluindo a construção de dessalinizadoras afirmou em entrevista ao Expresso “Se calhar, o melhor que temos de fazer é começar a armazenar mais água das chuvas e apostar na construção de pequenas barragens e charcas”.

O aproveitamento das águas pluviais no País está muito longe daquilo que deveria e poderia ser.

O aumento constante da temperatura média do ar batendo sucessivos recordes com ondas de calor cada vez mais intensas e incêndios florestais cada vez mais destrutivos provocando enormes prejuízos para a vida no Planeta, intercaladas por chuvas diluvianas que provocam violentas enxurradas não dando tempo aos solos para absorver essas enormes quantidades de água que escorrem para o mar sem possibilidade de repor as reservas de água subterrâneas agravando as situações de seca que se lhes seguem.

Estou de acordo com o MA quando afirma que antes de construir mais dessalinizadoras, que têm elevados custos energéticos e ambientais, seria curial promover soluções espalhadas pelo território que permitam armazenar muito mais água da chuvas do que atualmente, que serviria não só para a agricultura e o abastecimento público mas também para o combate aos incêndios florestais.

Na RAM são ainda raros os fenómenos meteorológicos extremos como os que têm acontecido pelo mundo, mas não estamos imunes aos mesmos pelo que quanto mais cedo começarmos a criar condições para enfrentá-los melhor combateremos os seus efeitos nefastos.

Armazenar e aproveitar ao máximo as águas pluviais deveria ser uma prioridade de qualquer programa político do governo ou da oposição, bem como a criação de um organismo público destinado exclusivamente à gestão e ao melhor aproveitamento possível dos nossos recursos hídricos.

A água é um bem público imprescindível à vida por isso a sua gestão nunca deveria ser privatizada nem servir quaisquer interesses conjunturais políticos, territoriais ou económicos que possam vir a torná-la num joguete de natureza política e/ou económica.

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