Nas análises mais recentes, duas águas balneares chegaram a ser temporariamente interditas ou desaconselhadas a banhos, a da Ribeira das Galinhas e a Doca do Cavacas.
O Verão está aí, e em força, a julgar pelo estado do tempo e pela afluência às praias da Região. As idas a banhos multiplicam-se. Mas há que ter em conta as zonas balneares que frequenta.
Ainda recentemente, no decorrer dos Jogos Olímpicos, em Paris, foi notícia a poluição do rio Sena, nomeadamente com contaminação microbiológica, que levou ao adiamento de vários treinos e competições, em provas de triatlo e natação em águas abertas. Foram detectados elevados níveis de presença das bactérias E. coli (‘Escherichia coli’) e Enterococos Intestinais (‘Enterococcus faecalis’).
Por cá, na Madeira, volta e meia é notícia a suspeita de um foco de poluição no mar, ainda que sejam poucas as águas balneares que acabam interditas a banhos.
Afinal, como é feito o controlo da qualidade destas águas, na Região? Essa é uma das dúvidas que procuramos aqui esclarecer.
A Madeira conta, nesta época balnear, com um total de 61 águas balneares costeiras. Destas, 28 são praias qualificadas como de banhos, sendo, por conseguinte, assegurada nesses locais a assistência aos banhistas, além de ser controlada a qualidade da água.
A legislação nacional em vigor determina, de facto, que, para muitas destas águas balneares, sejam feitas, regulamente, análises da água com o objectivo de apurar a qualidade da mesma.
Por cá, a Direcção de Serviços dos Recursos Hídricos e Litoral, organismo que integra a Direcção Regional do Ambiente e Acção Climática (Secretaria Regional de Agricultura, Pescas e Ambiente) assegura a recolha de amostras de águas do mar, durante toda a época balnear, com vista à verificação da sua qualidade.
A informação que daí é apurada acaba sendo integrada no Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos, da responsabilidade Agência Portuguesa do Ambiente (APA), entidade a quem compete avaliar se as águas balneares se encontram aptas para o banho, de modo a garantir maior segurança aos utentes.
Cabe àquela entidade nacional reportar os resultados aos serviços competentes, onde se inclui, entre outros, a Autoridade Marítima e as autoridades locais responsáveis pela área balnear, entidades a quem compete, por sua vez, em conjunto com as delegações regionais de saúde, monitorizar a situação e dar as instruções necessárias para que sejam colocados os avisos necessários à população, nomeadamente em caso de interdição de banhos.
A qualidade é aferida com a análise de vários parâmetros, nomeadamente a contaminação fecal por ‘Escherichia coli’ e por Enterococos Intestinais, acabando a classificação anual traduzia em qualidade ‘Má’, ‘Aceitável’, ‘Boa’ ou ‘Excelente’. É avaliada, ainda, a tendência para a proliferação de cianobactérias, macroalgas e/ou fitoplâncton marinho. Na falta de informação adequada, poderá ser anotado o ‘Sem classificação’. “A classificação das águas balneares é feita anualmente com base nos resultados da monitorização da água durante um período de tempo de, no mínimo, 4 anos ou com recurso a 16 amostras”, refere a APA.
No sítio da Internet ‘Praias de Portugal’, da responsabilidade da APA, podem ser consultadas as informações relevantes sobre cada uma das 61 águas balneares apontadas para a Madeira, entre as quais a qualidade das mesmas.
Numa consulta rápida, podemos aferir que a maioria das águas balneares da Região têm uma água de qualidade ‘Excelente’, apenas quatro são têm ‘Boa’ qualidade, enquanto duas têm ‘Má’ qualidade.
As quatro águas balneares/praias que apresentam qualidade ‘Boa’ são Praia do Gorgulho, no Funchal; a praia do Galo Mar, em Santa Cruz (Caniço); e a Praia de São Roque, em Machico. Juntam-se a estas uma praia do Porto Santo, a saber, o Porto das Salemas.
As duas que foram consideradas de ‘Má’ qualidade são a Poças do Gomes - Doca do Cavacas, no Funchal, e a Praia do Vigário, em Câmara de Lobos. Apesar de as análises mais recentes feitas à água destas duas últimas águas balneares terem derivado numa classificação de ‘Má’ qualidade, as mesmas não deixam de estar adequadas para banhos, conforme apontado nas várias informações da APA.
Considera-se ‘Água imprópria para banhos’ quando o resultado de um dos parâmetros analisados ultrapassar qualquer um dos valores da norma em vigor, podendo o banho ser desaconselhado ou mesmo proibido (quando a Autoridade de Saúde considerar relevante o risco para a saúde dos banhistas).
Sempre que os valores forem iguais ou inferiores aos da norma, considera-se a ‘Água própria para banhos’, ou seja, a prática balnear decorre sem restrições relacionadas com a qualidade da água balnear, como será o caso nas duas praias madeirenses acima referidas.
Nas análises realizadas este ano, houve duas águas balneares na Madeira onde o banho chegou a estar desaconselhado ou proibido num curto período. Foi o caso das Poças do Gomes - Doca do Cavacas e da praia da Ribeira das Galinhas, no Paul do Mar, concelho da Calheta, que até tinha uma classificação anual de ‘Excelente’. A primeira no período compreendido entre 8 de Julho e 14 de Julho; a segunda entre 22 e 27 de Julho.
Para cada água balnear é estabelecido, antes do início de cada época, um programa de monitorização. Nesse âmbito, as amostragens têm de ser recolhidas com um intervalo máximo de um mês. Pesam na definição da frequência das recolhas a categoria da respectiva água (se costeira, de transição ou interior, sendo que na Região são todas costeiras), o historial e as pressões a que possa estar sujeita. “Em regra, as águas identificadas pela primeira vez e aquelas que apresentam qualidade mais instável ao longo do tempo, são amostradas mais frequentemente do que as restantes”, refere a APA, na sua página na Internet.