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Quarenta mil mortos em Gaza são um "marco sombrio para todo o mundo", declara ONU

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O número de 40 mil mortos hoje anunciado na Faixa de Gaza em dez meses de guerra com Israel representa um "marco sombrio para todo o mundo", lamentou o alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk.

"Em média, cerca de 130 pessoas foram mortas todos os dias em Gaza nos últimos dez meses. A dimensão da destruição de casas, hospitais, escolas e locais de culto pelo Exército israelita é profundamente chocante", afirmou Turk, em comunicado.

Para o alto responsável das Nações Unidas, "hoje é um marco sombrio para o mundo inteiro", considerando que "a população de Gaza está hoje de luto pelos 40 mil palestinianos mortos", na maioria mulheres e crianças.

"Esta situação inimaginável deve-se em grande parte às falhas recorrentes das Forças de Defesa de Israel no cumprimento das regras da guerra", criticou.

Israel e o Hamas têm estado em confronto na pequena faixa de terra costeira desde o ataque do movimento islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro, que provocou a morte de quase 1.200 pessoas e desencadeou o atual conflito.

Das 251 pessoas raptadas nesse dia, 111 ainda estão detidas na Faixa de Gaza, das quais 41 estão mortas, segundo o Exército israelita.

A ofensiva de retaliação israelita fez pelo menos 40 mil mortos, de acordo com dados divulgados hoje pelo Ministério da Saúde local, controlado liderado pelo Hamas.

Türk recordou que o direito internacional humanitário "é muito claro sobre a importância primordial da proteção dos civis, da propriedade civil e das infraestruturas" e indicou que os seus serviços documentaram "graves violações", tanto por parte do Exército israelita, como de grupos armados palestinianos, incluindo o braço armado do Hamas.

"Enquanto o mundo reflete e vê a sua impotência para evitar esta carnificina, apelo a todas as partes para que concordem com um cessar-fogo imediato, deponham as armas e parem com esta matança de uma vez por todas", sublinhou.

O alto-comissário pediu ainda a libertação dos reféns, bem como dos "palestinianos detidos arbitrariamente". Além disso, "a ocupação ilegal de Israel [da Palestina] deve terminar e a solução de dois estados acordada internacionalmente deve tornar-se uma realidade", concluiu.

As conversações para uma trégua na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas foram retomadas hoje em Doha, disse à agência France-Presse uma fonte próxima das negociações.

A fonte não indicou quem participava nesta nova ronda de negociações indiretas, que decorre a pedido dos mediadores, Qatar, Estados Unidos, Egito.

Em cima da mesa está um acordo que permitiria a troca dos 111 reféns israelitas ainda detidos na Faixa de Gaza pela libertação de prisioneiros palestinianos em Israel, apesar de as partes estarem em confronto há meses sobre uma linha vermelha: o fim definitivo dos combates e a retirada das tropas israelitas do enclave.

No entanto, o Hamas recusou participar nestas negociações, pedindo que seja aplicado o que já foi acordado, com base no roteiro de paz proposto pelo Presidente norte-americano, Joe Biden. Porta-vozes dos Estados Unidos asseguraram entretanto que o Qatar está a trabalhar para garantir que o grupo islamita esteja representado na reunião.

De acordo com o mediador norte-americano para o conflito Líbano-Israel, Amos Hochstein, a reunião deverá prolongar-se "durante vários dias".