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Madeira

Há 30 anos, Albuquerque queria Jardim em Belém

Cavaco tinha proposta para retirar a regionalização da Constituição

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“De caras, tem o melhor perfil de Presidente dentro da área do PSD”. A frase é de Miguel Albuquerque em resposta à possibilidade de Alberto João Jardim ser candidato à Presidência da República. Não nas próximas eleições de 2026, mas nas de… 1996.

Estamos em Agosto de 1994 e, tal como hoje, o então vice-presidente da bancada social-democrata no parlamento regional e vereador no Funchal, estava no Porto Santo. Em férias, com a família – duas filhas pequenas -, Miguel Albuquerque foi dos poucos dirigentes do PSD-Madeira que comentaram a situação política, regional e nacional, que era particularmente complicada.

A edição do DIÁRIO de 14 de Agosto de 1991, um domingo, tinha muitos conteúdos ‘produzidos’ no Porto Santo, mas as declarações de Albuquerque tiveram outros reflexos.

O jovem político estava a poucos dias de viver uma das maiores mudanças da sua vida, com reflexos até hoje. Foi em Agosto de 1994 que Virgílio Pereira, eleito no ano anterior, bateu com a porta e demitiu-se da presidência da Câmara do Funchal, em choque frontal com Jardim. Albuquerque era o ‘número dois’ da lista do PSD e assumiu a presidência, lugar onde permaneceria quase duas décadas, antes de ser presidente do Governo Regional.

Mas nessa edição de 14 de Agosto, os assuntos políticos ainda eram outros. Jardim tinha chegado na véspera ao Porto Santo e ainda não tinha começado a ‘festa’ no areal.

Miguel Albuquerque comentou, para o DIÁRIO, os principais assuntos políticos do momento. Desde logo, a exigência do CDS, de Ricardo Vieira, de fiscalizar a utilização das casas do Governo e dos serviços a elas associados, durante as férias dos membros do Executivo.

“Mais uma tirada demagógica do CDS”, “de muito mau gosto e de um provincianismo atroz”, foi como classificou uma posição dos centristas que iria continuar ao longo do mês, com Jardim a reagir de forma mais enérgica.

Ao nível nacional, o tema dominante era a vontade de Cavaco Silva, líder do PSD, de retirar da Constituição o objectivo de regionalização do país. Algo que era contestado pelas regiões autónomas, que temiam ver reduzida a sua influência e por dirigentes do PSD e do PS de ‘fora de Lisboa’.

Albuquerque encontrava um aliado importante para as pretensões regionais: “Como o PS já disse que vai votar contra e não aceita esta proposta, a regionalização deverá ficar na Constituição”. E ficou.

O tema era tão polémico que uma tal Liga dos Futuros Concelhos (LIFUCO), defendia a passagem das regiões autónomas a distritos, supervisionadas por um secretário de Estado. “Isso não tem pés nem cabeça”, dizia Albuquerque. E não tinha.

Na mesma edição de há 30 anos, a manchete também vinha do Porto Santo. O DIÁRIO entrevistava Luciano Gomes, autarca da Maia, que contestava a posição de Cavaco e dos “pára-quedistas do PSD” sobre a regionalização e também apoiava a candidatura de Alberto João Jardim a Belém. Algo que não iria acontecer.

No Desporto, eram notícia o título europeu de Fernanda Ribeiro, nos 10.000 metros, numa prova em que Conceição Ferreira foi medalha de prata. Há 30 anos, o atletismo de fundo e meio-fundo português estava em alta.

No Torneio Autonomia, o Vera Cruz do México bateu, na final, o União por 2-1.

Leia aqui a edição de 14 de Agosto de 1994: