Junta de Myanmar desmente rumores de golpe de Estado interno
A junta militar de Myanmar negou hoje rumores de um golpe de Estado interno, qualificando-os de "campanha de desinformação".
"Trata-se de uma campanha de desinformação para destruir a paz e a estabilidade do nosso país", afirmou em comunicado a junta que governa o país asiático.
"O chefe de Estado", o general Min Aung Hlaing, e outros responsáveis "estão a cumprir os deveres nacionais", de acordo com a mesma nota.
A declaração surgiu depois de terem sido partilhadas nas redes sociais informações que apontavam para um golpe militar para destituir Ming Aung Hlaing, e no mesmo dia em que o Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, visita o país.
A China é o principal parceiro de Myanmar e mantém laços tanto com a junta como com as forças rebeldes.
Ainda de acordo com o comunicado, o rumor do golpe surgiu a partir de um comentário publicado em 12 de agosto na conta da rede social Facebook do Captain Seagull [Capitão Gaivota], com 11 mil seguidores, e um apoiante do Movimento de Desobediência Civil, que surgiu após o golpe de 01 de fevereiro de 2021, que colocou Min Aung Hlaing no poder.
"Embora pareça ser um rumor, talvez nunca saibamos o que se passa nos bastidores" escreveu, na rede social X (antigo Twitter), o Movimento de Desobediência Civil, depois de afirmar que Min Aung Hlaing "expurgou sistematicamente todos os reformistas e moderados do exército nos últimos anos".
Numa outra rara intervenção, Min Aung Hlaing admitiu recentemente a pressão exercida sobre o regime militar devido às múltiplas frentes abertas por grupos rebeldes que combatem o exército.
A ofensiva rebelde intensificou-se na sequência da chamada "Operação 1027", lançada a 27 de outubro por um grupo de guerrilhas étnicas no norte do país, algumas com ligações à China, a que se juntaram outras milícias, constituindo a maior ameaça à junta desde o golpe de Estado.
Este golpe pôs fim a 10 anos de transição democrática em Myanmar e abriu uma espiral de violência que exacerbou a guerrilha, que dura há décadas no país, com milhares de jovens a juntarem-se a grupos armados que lutam contra o exército.
A ONU advertiu, num relatório publicado na terça-feira, que existem "provas substanciais" de que os crimes de guerra e os crimes contra a humanidade cometidos pelo exército birmanês "aumentaram a um ritmo alarmante" no último ano.