INEM, uma salvação para todos os gostos
Portugal parece sofrer de Síndrome de Estocolmo… ou é, simplesmente, masoquista…
No passado dia 17 de Julho, o ex-presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica, Luís Meira, foi ao parlamento falar dos problemas contratuais dos helicópteros que reforçariam o INEM. Inquirido pelos deputados, Luís Meira revelou que entre 2020 e 2023, o INEM transferiu para o Estado Central cerca de 125 milhões de euros, que serviram para pagar medidas ao combate à COVID-19, despesas de vários departamentos dentro do ministério da saúde, e para a compra de dívida pública.
Segundo as contas do deputado da Iniciativa Liberal, Mário Lopes, foram transferidos cerca de 90 milhões em 2020; 15,5 milhões em 2021 e 12,6 milhões em 2022, e ainda cerca de 10 milhões algures no tempo.
Importa ressalvar que o INEM não recebe nem uma pevide do Estado Central… o dinheiro provém de taxas cobradas a todos os portugueses sobre os seguros de vida, saúde, automóvel e acidentes pessoais.
É incompreensível como é que os então ministros da saúde, Marta Temido, vencedora destas últimas eleições europeias, e Manuel Pizarro, utilizaram o INEM (que não é subsidiado pelo governo!) para tapar buracos dos vários orçamentos de estado dos governos de António Costa.
É que estes 125 milhões de euros dariam para muita coisa… Olhe, daria para contratar mais profissionais de saúde… daria para resolver o problema da renovação e/ou reforço da frota de ambulâncias; daria para ter os tais helicópteros em falta… daria para pagar os serviços prestados ao INEM pelas várias corporações de bombeiros… e daria para salvar muitas mais vidas!
Esta transferência revela uma tremenda irresponsabilidade, incompetência, falta de noção e má gestão destes ex-governantes. Muitas das ambulâncias que andam por aí já estão velhas, com poucas condições para os doentes e para os profissionais… a falta de helicóptero faz com que os doentes emergentes levem muito mais tempo a chegar ao hospital de referência… a falta do pagamento aos bombeiros faz com que estes não consigam adquirir meios para dar resposta às necessidades da população… tudo isto, para apresentar “contas certas” e conseguir uma cruzinha no boletim de voto.
O INEM é uma instituição importantíssima, não haja dúvidas! Diariamente salva dezenas (ou mesmo centenas) de vidas… mas poderiam ter salvo ainda mais! Marta Temido e Manuel Pizarro terão noção de quantas vidas custaram este dinheiro em falta? ou assobiarão para o lado enquanto lavam este sangue das suas mãos?
É necessário que se apure as reais consequências da falta deste dinheiro no INEM, e que se puna os devidos responsáveis! Portugal tem que deixar de ser indiferente a quem tanto mal nos fez; a quem tão mal nos geriu! Mas em vez disso, continua a dar a vitórias eleitorais a uma das principais responsáveis pelo estado atual do nosso Sistema Nacional de Saúde…
Portugal parece sofrer de Síndrome de Estocolmo… ou é, simplesmente, masoquista…