UE apoia esforços de Kiev para travar Moscovo sem comentar incursão em Kursk
A União Europeia (UE) garantiu hoje que apoia os esforços da Ucrânia para recuperar o território conquistado pela Rússia, mas recusou comentar a incursão de forças ucranianas na região russa de Kursk, excluindo qualquer envolvimento dos 27.
"Apoiamos totalmente o exercício legítimo da Ucrânia do seu direito inerente à autodefesa e os esforços para restaurar a sua integridade territorial e soberania e para reagir e lutar contra a agressão ilegal da Rússia", realçou a porta-voz da UE, Nabila Massrali, em conferência de imprensa.
"[Sobre] os acontecimentos específicos que estão a ocorrer na zona de Kursk, na região russa, não nos cabe a nós comentá-los", acrescentou.
Massrali garantiu que a UE não está envolvida nessa operação, destacando que também não comenta "desenvolvimentos operacionais na linha da frente".
A porta-voz apontou que o próprio Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já teve "a oportunidade de explicar a sua intenção de defender o território ucraniano através da incursão na região de Kursk".
Relativamente às armas utilizadas, Massrali recordou que os Estados-membros fornecem equipamento militar à Ucrânia, pelo qual podem solicitar o reembolso parcial através do Fundo Europeu de Apoio à Paz.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano deixou claro que o objetivo da incursão na região fronteiriça russa de Kursk não é "conquistar o território da região", mas sim proteger os civis ucranianos.
Um porta-voz do ministério indicou que só desde o início do Verão foram registados mais de 2.000 ataques contra a região fronteiriça ucraniana de Sumi, provenientes da região fronteiriça de Kursk.
A diplomacia ucraniana vincou ainda que a operação ofensiva em Kursk complica a logística militar russa e torna difícil para Moscovo mover unidades adicionais para a região oriental de Donetsk, na Ucrânia, onde está a exercer grande pressão sobre a linha da frente na área de Pokrovsk.
Na segunda-feira, e perante os avanços ucranianos na região fronteiriça de Kursk, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que deixava de fazer sentido manter conversações com a liderança de Kiev na sequência da incursão militar ucraniana, e prometeu uma "resposta firme".
"O inimigo, com a ajuda dos seus chefes ocidentais, está agora a efetuar a sua aposta, e o Ocidente mantém uma guerra contra nós utilizando-se dos ucranianos para melhorar a sua posição negocial no futuro", argumentou Putin.
Também na segunda-feira o Exército ucraniano reivindicou o controlo de 1.000 quilómetros quadrados de território russo na região fronteiriça de Kursk, onde as forças de Kiev ainda mantêm uma ofensiva depois de lançar um ataque surpresa em grande escala em 06 de agosto.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).