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Portugal condena "perseguição da oposição" e pede libertação de luso-venezuelanos detidos

FOTO DR
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O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) reiterou hoje a "condenação liminar da perseguição da oposição" na Venezuela na sequência das últimas e contestadas eleições presidenciais, e a "obrigação de libertar luso-venezuelanos detidos", após contacto com a liderança oposicionista.

O chefe da diplomacia portuguesa, Paulo Rangel, manteve na segunda-feira uma conversa com Edmundo González Urrutia, candidato que reclama vitória sobre o Presidente venezuelano Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho, e com a líder da oposição, María Corina Machado, "sobre as eleições e a onda de repressão", segundo publicação do ministério na rede social X.

"O MNE reafirmou a condenação liminar da perseguição da oposição, a obrigação de libertar os luso-venezuelanos detidos e a defesa intransigente da posição da União Europeia (UE)", refere a mesma publicação.

Fonte oficial do ministério disse à Lusa que a conversa entre Rangel e Urrutia, a primeira entre ambos, durou cerca de 40 minutos.

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um "ciberataque" de que alegadamente foi alvo.

Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de mais de duas mil e duzentas detenções e mais de duas dezenas de vítimas mortais.

O Governo português exigiu na semana passada às autoridades venezuelanas "a libertação imediata e incondicional" de Williams Dávila Barrios, político da oposição e ex-governador do Estado de Merida, com nacionalidade portuguesa.

Numa declaração publicada na rede social X, Paulo Rangel afirmou na ocasião que Dávila Barrios tinha sido detido na quinta-feira da semana passada, "de modo arbitrário e com saúde precária".

Na mesma altura, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, disse à Lusa que dois luso-venezuelanos -- um homem e uma mulher - se encontravam detidos na Venezuela devido à sua participação em manifestações contra Nicolás Maduro, estando o Governo português a acompanhar o caso.

Na mesma ocasião, uma fonte local relatou à Lusa que outro luso-venezuelano estava detido, avançando que se tratava de um jovem.

O jovem em questão estava detido numa dependência policial na localidade de Puerto Cabello, estado de Carabobo (centro-norte do país), depois de ter sido apanhado pela polícia, juntamente com outras pessoas, durante uma manifestação pacífica de contestação aos resultados das eleições presidenciais de 28 de julho, de acordo com a mesma fonte.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia vão debater a situação na Venezuela num encontro agendado para Bruxelas para 29 e 30 de agosto, anunciou hoje o chefe da diplomacia de Espanha, José Manuel Albares, que indicou que o assunto foi introduzido na agenda a pedido de Madrid.