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“O Outro”... somos todos nós!

Depois de aderir a inúmeros sites e a instituições de investigação, chegámos, em dois dos quatro lados, imagine-se, aos nossos octavós

Há algum tempo, aproveitando a reforma integral e porque achei que seria importante que os nossos netos conhecessem as suas raízes, decidi partir à descoberta das nossas, neste caso da minha mulher e minhas e, concomitantemente, até onde fosse possível, dos nossos ascendentes.

Para além da pesquisa direta, histórica quando foi o caso, atentas as funções sociais exercidas por alguns dos nossos antepassados, e depois de aderir a inúmeros sites e a instituições de investigação, chegámos, em dois dos quatro lados, imagine-se, aos nossos octavós. Porém, não satisfeitos, partimos, posteriormente, para o que se apelida de análise da composição genética.

E se algumas das informações obtidas, a este nível, não foram, de todo, estranhas, face ao que já conhecíamos das “estórias” familiares, outras constituíram-se, sem dúvida, como surpresas absolutas e a revelar que muito se aprende em procurar “quem somos e de quem descendemos”. Particularmente e perdoem-me a nota sociopolítica, os que tanto defendem a “pureza das raças” (sim, porque não nos enganemos, os há em todas).

Retornando ao nosso contexto concreto, descobrimos que, para além da inferida dimensão ibérica, existem, num caso, genes ingleses e, noutro, celtas.

Mas não só! Germânico-escandinavos, de novo num de nós, e italianos noutro, sendo que existem, ainda, origens norte-africanas e mesoamericanas, neste particular da região andina, nos ascendentes de um dos lados, e, nos do outro, do Levante.

Tão ou mais interessante foi ainda verificar que, mau grado a dimensão ibérica de ambos, esta não “alcança a maioria absoluta” em nenhum dos casos. E revela ainda ser diversa entre os dois, já que, num dos casos, é mais espanhola (mais propriamente galega) e, no outro, imagine-se, considerada já, assim mesmo e com teor categorizado como elevado, portugueso-madeirense, comprovando que a tese de Silbert, sobre a Madeira ser o carrilhão do Atlântico, se estenderá também à composição genética de muitos dos que, por via de alguns dos seus antepassados, ocupam este território há séculos.

Nesta já complexa identidade, em que aparecem ainda e complementarmente, alguns subgrupos, identificaram-se ainda genes judaicos nos dois, sendo, contudo, num, asquenazes e, no outro, sefarditas, o que não deixa, reconheça-se, de enriquecer todo o quadro.

Particularmente, assuma-se, porque nos dá nota do quão mesclados já somos todos e de como transportamos, cada um de nós, traços genéticos (e, por arrastamento, também culturais, pelo papel desempenhado pelos nossos antepassados na criação e propagação cultural intrafamiliar) que não nos podem deixar de ver “o outro” (todo e qualquer um) como um de nós.