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ONU manifesta preocupação com "escalada de violência" em Myanmar

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A ONU condenou ontem a "escalada de violência" nas últimas semanas em Myanmar (antiga Birmânia), onde os conflitos entre a junta militar e grupos étnicos minoritários causaram "um número significativo" de vítimas entre os civis.

"Condenamos nos termos mais veementes a escalada de violência que levou a um número significativo de vítimas civis no país nas últimas semanas", sublinhou Farhan Haq, porta-voz adjunto do secretário-geral da ONU, António Guterres.

"Também ouvimos relatos alarmantes de civis mortos nas cidades de Maungdaw, no estado de Rakhine, e Lashio, no Estado de Shan, enquanto tentavam fugir dos combates", acrescentou.

Farhan Haq sublinhou que estes acontecimentos no país do sudeste asiático "fazem parte de uma tendência preocupante e de uma intensificação do conflito pelo qual os civis estão a pagar o preço mais pesado".

O porta-voz adjunto de Guterres apelou ainda às partes para que protejam os civis, em conformidade com o direito internacional.

"As partes devem também permitir a todas as comunidades o acesso seguro à assistência humanitária", frisou, lembrando que 18,6 milhões de birmaneses, incluindo seis milhões de crianças, necessitam desta assistência.

Desde o golpe de Estado de 2021, Myanmar está atolado num conflito violento entre o Exército e os seus adversários da oposição política e das minorias étnicas.

No final de julho a junta militar birmanesa prolongou por seis meses o estado de emergência, adiando, mais uma vez, as eleições que foram prometidas após o golpe de Estado.

Nos últimos meses, os generais sofreram vários reveses de magnitude sem precedentes nas regiões fronteiriças, enfrentando grupos armados revigorados, na ausência de qualquer perspetiva de diálogo.

Um grupo armado reivindicou no inicio de agosto a captura de um comando militar regional no norte de Myanmar, depois de semanas de confrontos.

O Estado de Shan, onde se situa Lashio, tem sido palco de novos confrontos desde que uma aliança de grupos étnicos armados retomou uma ofensiva contra o exército ao longo de uma autoestrada crucial para o comércio com a China, apesar de um acordo de cessar-fogo assinado sob a égide de Pequim.