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Uma visão para o futuro: a aposta nas ciências do mar e na transição para a economia digital

A transição digital da economia mundial traz novos desafios à Madeira. Novos desafios e novas oportunidades. Para uma região que foi vítima durante séculos do seu isolacionismo geográfico, por força da sua condição insular, e da sua ultraperiferia europeia, a nova ordem global do trabalho digital pode mudar o paradigma de uma Ilha que pode sonhar em crescer ainda mais.A aposta na inovação, tecnologia e ciências do mar deve começar na Universidade. Sabemos que as universidades são centros de desenvolvimento económico, social, cultural e intelectual das regiões onde se inserem. E a Madeira não é excepção.

A Universidade da Madeira deve, a meu ver, dentro da sua autonomia legal mas concertada com o Governo Regional, direcionar a sua formação para as potencialidades e económicas da Região. Fazer da Universidade da Madeira um centro de referência nacional e internacional nas áreas formativas do Turismo, Ciências do Mar e Tecnologias.Se, por um lado, o objectivo é atrair massa crítica estrangeira para estudar na Região, aliciando-os com as condições de clima e segurança da ilha, bem como de uma economia emergente nessas áreas, que regista volumes de negócios cada vez mais significativos, por outro, o objectivo é possibilitar que os jovens madeirenses possam sair da sua zona de conforto, caso assim o queiram, completando a sua formação académica em qualquer universidade fora, e criando condições para que possam regressar à sua terra natal para reforçar as fileiras do mercado de trabalho.O entrosamento com a Universidade da Madeira, direcionando-a estrategicamente para as necessidades e potencialidades do mercado, é uma pedra basilar para o desenvolvimento económico da Madeira. Uma solução que exigirá envolvimento de todos os agentes políticos, da Autonomia e da República, bem como os agentes académicos. Mas só com diálogo e planeamento é que se conseguirá garantir uma ilha de excelência na economia do futuro.Garantir que os estudantes madeirenses possam crescer fora, com o intuito de voltarem à Região, exigirá do Governo Regional, e da sua capacidade junto do Governo e da Assembleia da República, em reivindicar duas condições essenciais: a mobilidade e o alojamento. O Programa Estudante Insular, do Governo Regional da Madeira, não obstante as responsabilidades deverem ser da República, e do modelo ter as suas imperfeições, foi essencial para garantir a formação dos nossos jovens. Da mesma forma que, face ao mercado atual, a garantia de alojamento estudantil, também se afigura essencial.Reivindicar 1) uma quota de camas nas residências universitárias do continente para estudantes insulares, no mínimo proporcional ao contingente de acesso, junto da tutela do Ensino Superior, que cabe à República, conforme a JSD Madeira propôs no Parlamento Regional e no Parlamento Nacional; e 2) garantir a construção de residências estudantis nos principais centros universitários do país, por parte do Governo Regional, para receber os estudantes da Madeira. Estas seriam as duas soluções mais impactantes, e eficazes, para resolver os entraves que se colocam aos jovens que querem aperfeiçoar a sua formação em universidades de referência a nível nacional.Apostar na formação dos nossos jovens é apostar numa Madeira com futuro. Garantir que os nossos jovens possam estudar fora é primar pela excelência da sua formação. Garantir que a Universidade da Madeira forma de acordo com as necessidades do mercado é apostar no fortalecimento da nossa economia. Apostar na captação de jovens estrangeiros para a Região é contribuir para uma sociedade mais crítica e culturalmente mais desenvolvida. É esta a Madeira de futuro que queremos.