“Podem largar os fogos…”
1. E já cá faltava. A proposta do PAN para substituir os fogos de artifício tradicionais por alternativas “silenciosas” ou de “intensidade sonora reduzida” é um exemplo claro de uma ideia esdrúxula, desligada da realidade e sem qualquer fundamento prático ou cultural. Esta medida revela uma incompreensão total da importância dos fogos de artifício como elementos culturais e festivos profundamente enraizados nos madeirenses. O PAN sugere uma alteração que, em vez de resolver um problema, cria uma série de outros.
Em primeiro lugar, os fogos de artifício são tradição e envolvem uma combinação única de luzes e sons explosivos, elementos centrais para a experiência que proporcionam. A ideia de reduzir o som ou a intensidade da luz desvirtua completamente a essência deste espetáculo, tornando-o numa imitação pálida do que realmente é. Ignoram o valor cultural e emocional que os fogos de artifício têm para as comunidades e para as celebrações que marcam, desde festas populares até eventos particulares.
Do ponto de vista técnico e logístico, a substituição por “jogos de luzes e “drones”“ é uma ideia impraticável e financeiramente insustentável. Os “drones”, além de serem caros, exigem uma logística complexa e estão sujeitos a falhas técnicas que podem comprometer qualquer espetáculo. Mais ainda, a proposta não considera o custo astronómico destas alternativas, o que as tornaria inacessíveis para muitas autarquias e outras entidades e particulares que organizam eventos com orçamentos limitados. Esta é uma proposta elitista, que exclui a maioria das comunidades que simplesmente não têm os recursos para implementar uma solução tão rebuscada.
O argumento de que esta medida protege populações vulneráveis, como idosos, pessoas com autismo e animais, é outro ponto que revela uma abordagem paternalista e simplista. Criar zonas de silêncio, horários específicos ou avisos antecipados são soluções muito mais práticas e inclusivas, permitindo que todos possam desfrutar das celebrações sem sacrificar as tradições que muitos apreciam. A proposta do PAN adota uma abordagem de “tudo ou nada” que, em vez de proteger, aliena e desvaloriza a experiência da maioria.
Além disso, é risível a tentativa de pintar esta proposta como uma medida ambientalmente consciente. A produção e operação de “drones”, especialmente em larga escala, têm um impacto ambiental significativo, desde a extração de lítio para as baterias até ao consumo de energia durante os espetáculos. A suposição de que estas alternativas são automaticamente mais sustentáveis é uma falácia que revela um pensamento superficial e demagógico, típico de políticas que tentam capitalizar a preocupação ambiental sem oferecer soluções reais.
Ao promover esta ideia, o PAN não avança em direcção ao progresso, mas sim a destruir tradições sob o pretexto de uma modernidade mal concebida, não passa de uma manobra política desprovida de substância e completamente desligada da realidade. Não só falha em reconhecer a importância cultural destes eventos, como subestima os desafios técnicos e financeiros das alternativas sugeridas, promovendo uma narrativa falsa de proteção ambiental e inclusão. Em vez de resolver problemas, esta proposta cria obstáculos, destruindo tradições e impondo custos desnecessários. O PAN, ao insistir nesta ideia, demonstra uma preocupante falta de compreensão sobre o que realmente importa para os madeirenses e para a cultura da Madeira.
2. A taxa de desemprego reportada de 5,2% na Região Autónoma da Madeira (RAM) até pode parecer um sinal de recuperação económica. O Governo Regional, porque olha para os números com um olhar interesseiro, não extraindo deles o que verdadeiramente interessa, faz disto uma grande festa.
A taxa de desemprego é enganosa, pois não reflete a realidade do mercado de trabalho. Muitas pessoas desistiram de procurar emprego ou emigraram e, portanto, não são incluídas nas estatísticas. Isso oculta o verdadeiro número de desempregados e cria uma falsa sensação de progresso económico, fazendo com que a taxa apresentada seja uma distorção da realidade.
A população empregada na Madeira foi estimada em 126,7 mil pessoas, registando um aumento de 4,2% face ao ano anterior, mas uma diminuição de 0,6% relativamente ao trimestre anterior. Este decréscimo recente indica que o mercado de trabalho perdeu dinamismo. Entre os empregados, cerca de 4.000 pessoas estão em subemprego a tempo parcial, trabalhando menos horas do que necessitam. Aproximadamente 18.900 pessoas trabalham em casa, o que pode refletir falta de condições nos locais de trabalho. Além disso, 5.500 pessoas têm um segundo emprego, evidenciando que ganham um salário insuficiente.
Os números de emprego incluem pessoas a frequentarem Planos Ocupacionais Temporários (POT), estágios profissionais e formações com bolsa, o que não é correcto. Estas posições são temporárias e não oferecem segurança. Funcionalmente, estão desempregadas, pois não têm um emprego estável. A maioria destas pessoas passam anos a alternar entre Secretarias Regionais, ganhando menos que o Ordenado Mínimo e sem perspectivas de futuro. Mandar alguém para uma formação com subsídio não resolve o problema de emprego. O mesmo se aplica aos estágios profissionais, que raramente deixam de o ser passando a trabalho. Estas “soluções” são apenas paliativos e não resolvem o desemprego de forma sustentável.
A população inactiva, estimada em 123,1 mil pessoas, aumentou 1,8% em comparação com o trimestre anterior. Este aumento é preocupante, por mostrar que a economia não cria oportunidades suficientes para envolver a sua força de trabalho.
A subutilização do trabalho abrange 14.400 pessoas, representando 10,5% da força de trabalho. Este número inclui desempregados, subempregados e inactivos disponíveis para trabalhar, mas que não procuram emprego. A subutilização do trabalho revela a incapacidade do mercado de trabalho em utilizar plenamente os seus recursos humanos. Isso significa haver muitas pessoas que poderiam e gostariam de trabalhar mais, mas não encontram oportunidades adequadas.
A situação dos jovens é preocupante. Cerca de 11% deles, entre 16 e 34 anos, não têm emprego nem estão em educação ou formação (NEET). Esta elevada percentagem é alarmante e reflecte a falta de investimento em educação e formação. Sem as competências necessárias, estes jovens terão dificuldades em encontrar empregos de qualidade. A emigração acentua o problema, pois muitos partem à procura de melhores oportunidades, revelando que a economia local falha em reter os seus talentos.
A incapacidade de a economia oferecer oportunidades é real. A desmotivação generalizada e a desistência da procura de emprego são sinais de uma falha estrutural no mercado de trabalho. E como cereja no topo do bolo temos os ordenados onde o PIB persiste em não chegar. Baixos, onde uma enorme maioria não consegue passar do Ordenado Mínimo.
Em resumo, os números apresentados são uma fachada que tenta esconder a realidade dura do mercado de trabalho na Madeira. A economia falha em proporcionar empregos de qualidade e oportunidades para os seus cidadãos. As medidas temporárias perpetuam a precariedade e não oferecem soluções a longo prazo. A emigração contínua e a alta percentagem de jovens NEET são testemunhos da falência do sistema que temos. Sem uma reavaliação profunda e reformas estruturais, a Madeira continuará a enfrentar desafios graves no seu mercado de trabalho, comprometendo o bem-estar e o desenvolvimento das suas gerações futuras. A verdadeira medida do sucesso económico deve ser a capacidade de proporcionar empregos, salários justos e um futuro promissor para todos os cidadãos, e não a manipulação de estatísticas que mascaram uma realidade sombria.
3. No Bangladesh um genocídio contra a população hindu, perpetrado pelos muçulmanos. Continuo à espera de que a malta da melancia palestiniana rasgue as vestes e denuncie esta barbárie.
Sentado… vou esperar sentado.
4. A vítima foi o Bores. Vítima porque não o deixaram ser quem era. Vítima porque foi mais um animal que entrou nas ilegais redes de tráfico de animais selvagens. Vítima porque a lei obrigou-o a ter de andar escondido. Vítima porque se deixou domesticar e criou laços de afectividade com os seus cuidadores. Vítima porque o tiraram do ambiente que conhecia e que amava para o pôr numa gaiola. Vítima porque morreu devido a tratamento desadequado. Desculpa Bores, nós, os homens, temos muitas leis, mas percebemos pouco de justiça.