Saúde mental, intervenção prioritária
Torna-se premente uma intervenção em meio escolar, de uma forma cooperante entre diferentes áreas do saber e do conhecimento, nomeadamente da Saúde e da Educação
Os vários fenómenos sociais vividos e experienciados pelos alunos nas nossas escolas, alguns deles alterados nos últimos tempos devido à situação de pandemia, consubstanciam-se em ações e comportamentos, muitos deles, com repercussões na sua saúde e ao longo das diferentes fases da vida.
Face a estes fenómenos sociais marcantes e numa perspetiva preventiva e interventiva de forma atempada, torna-se premente uma intervenção em meio escolar, de uma forma cooperante entre diferentes áreas do saber e do conhecimento, nomeadamente da Saúde e da Educação e, principalmente, quando se fala numa área tão sensível e prioritária como é o caso da saúde mental.
Esta necessidade de intervenção resulta da consciencialização que as intervenções que tendem a promover a saúde mental na escola, resultam numa melhoria da ligação entre esta, a família e a própria comunidade. E têm efeitos na redução do abandono escolar e na diminuição do insucesso e dos comportamentos violentos em meio escolar, bem como têm inferências positivas nos resultados escolares e nos ganhos em saúde da própria comunidade educativa. Estudos recentes revelam uma maior incidência de problemas de saúde mental entre os/as jovens e que se agravou com a realidade pandémica. Além disso, existem indicadores que mostram que a exposição a fatores de risco na infância e na adolescência, aumenta a probabilidade de desenvolvimento de perturbação mental na fase adulta.
Face a estes considerandos, subscrevo o teor do Plano Nacional de Saúde Mental, quando afirma a urgência de se desenvolverem serviços, programas e projetos que promovam a centralidade dos fatores protetores da saúde e, neste caso, em particular da saúde mental. Estes programas e projetos devem ser, devidamente, articulados com a política de saúde em meio escolar, para que possam melhorar as respostas ao nível da saúde mental nas diferentes faixas etárias dos alunos.
Contudo, é fundamental a criação de condições para a implementação destes projetos e programas. Condições que passam por infraestruturas adequadas ao trabalho de acompanhamento dos alunos, materiais apropriados à realidade, necessidades e especificidades dos alunos, recursos humanos especializados, como psicólogos, em número suficiente (não uma contratação “tapa buracos”, como fez a Secretaria Regional da Educação), e um trabalho de parceria entre as escolas e os centros de saúde. Trabalho este que deverá ser devidamente agilizado e planeado e nunca sob uma lógica que “o que remedeia serve”!
Já cansa ouvir os governantes responsáveis pela Saúde Mental na Região, dizerem que “já existe ou já está a ser feito pela tutela da área da saúde mental”! A verdade é que isso não corresponde à “veracidade dos factos” e podemos sempre almejar mais e melhor!
Para o sucesso do trabalho nesta área da saúde, não se pode descurar a vontade política e um trabalho de parcerias entre os setores da Saúde, da Educação e da Segurança Social. Parcerias essas que obrigam à perceção da importância de um trabalho comum e integrador, bem como à necessidade da formação de recursos humanos especializados e constituição de equipas multidisciplinares, bem como a atribuição de apoios financeiros, para assim trabalharem eficazmente as problemáticas da saúde mental.