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Presidente turco pede ao Papa para "levantar voz" contra cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos

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O Presidente turco pediu hoje ao Papa Francisco para "levantar a voz", ao seu lado, contra a "propaganda perversa" que, defendeu, foi transmitida na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris.

"O Presidente, [Recep Tayyip] Erdogan, disse que, sob o pretexto da liberdade de expressão e da tolerância, a dignidade humana foi espezinhada e os valores religiosos e morais ridicularizados, ofendendo tanto muçulmanos como cristãos, e sentiu que era necessário levantar as nossas vozes em conjunto", afirmou a presidência turca num comunicado.

O chefe de Estado turco, que não é alheio a declarações homofóbicas e que anunciou na terça-feira que iria telefonar ao Papa para denunciar a "imoralidade" da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, deplorou no seu apelo "o esvaziamento dos valores religiosos, a propaganda perversa e o colapso moral para o qual o mundo está a caminhar com os Jogos Olímpicos", acrescenta-se na mesma nota.

O 'ayatollah' Ali Khamenei, o candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, e os líderes religiosos conservadores também criticaram a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, em particular o quadro em que a DJ Barbara Butch, ativista feminista e lésbica, apareceu ao lado de duas 'drag queens'.

Esta passagem tem sido associada à última refeição de Jesus com os seus apóstolos, a Última Ceia, tal como retratada por Leonardo da Vinci. Os organizadores negam, com o diretor artístico da cerimónia, Thomas Jolly, a explicar que a sua intenção era retratar um "grande festival pagão ligado aos deuses do Olimpo".

Reeleito Presidente da Turquia para um mandato de cinco anos em maio de 2023, Erdogan atacou quase diariamente as pessoas LGBTQI+ (lésbicas, gays, bissexuais, transgénero, queer, intersexual) durante a reta final da sua campanha, descrevendo-as como "pervertidas" e "desviantes" e acusando-as de quererem destruir a família tradicional.

Embora a homossexualidade tenha sido descriminalizada na Turquia desde meados do século XIX (1858), continua a ser objeto de opróbrio social e da hostilidade do partido islamo-conservador AKP, no poder.

A sociedade turca está profundamente dividida, com os conservadores e os religiosos de um lado e os liberais e secularistas do outro.