Ninguém é profeta na sua Terra
Alguém, algures, num determinado contexto, apelidou os “profetas” de “invejosos, falsos e estupidos”. Com efeito, todos estes gratificantes adjectivos se podem até aplicar a muitos porto-santenses nas suas relações inter-pessoais, mas nunca a nada nem a ninguém que cá chegue oriundo de outras paragens. Desde os primórdios da nossa existência e, pelo que me é dado ver, perdurará para além do tempo, nós, os “profetas” fomos formatados para ser reverênciais e submissos com os que, se considerando “importantes” e “superiores” nos olha(va)m com altivez e até algum resquício de desprezo por tamanha subserviência. O paradigma não se alterou significativamente decorridos já alguns séculos e daí, talvez, se possa aferir o porquê da impassividade, do silêncio sepulcral da parte de quem se esperaria, no mínimo uma palavra, uma justificação plausível perante alguns verdadeiros “atentados “perpetrados sistematicamente à vista de todos (mas só vistos por alguns) indiciando uma clara e grosseira violação da lei. Falo de construção e betonização em linhas de água, sobre o cordão dunar, na orla marítima em cima da praia, literalmente...
Estará tudo em conformidade com a lei vigente? Que autoridade(s) superintende nesta matéria? A lei é igual para todos ou uns são mais iguais do que outros? Por que para uns é só facilidades e para outros só impedimentos? Por que se responde rápida e eficazmente a reivindicações e exigências de alguém que passa por aqui esporadicamente e se guarda no arquivo do esquecimento os pedidos e direitos de muitos residentes? Por que se estende a passadeira vermelha a meia dúzia e se remete tantos outros para bem longe da ribalta?
Prolifera por aí um certo tipo de intelectuais que se arrogam tudo saber e que decidem segundo a velha máxima “quero, posso e mando”, ignorando, provavelmente, que não passam de marionetas manipuladas por outras marionetas que se seguem no escalão superior da hierarquia.
Habituem-se a substituir o “quero, posso e mando” pelo escuto, pondero e decido. Equacionem que há muita gente que pensa diferente e que, parecendo indiferente, se mantém de olhos bem abertos.
Madalena Castro