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Relâmpagos (sous le ciel de Paris)

A morte de Lívio Lopes, extraordinário filho de Cabo Verde, deixa-me de coração partido. Um cidadão de luz e convicções próprias, um estudioso sério e arguto, um amigo muito para além das circunstâncias. Culto, sereno e ponderado, suavidade em pessoa. Com a Rosa de Porcelana Editora, tem um livro em editoração e em publicação breve. Deixa-me com a sensação que só o absurdo do vazio e da saudade. Serás sempre lembrado, Lívio Lopes!

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Em Paris, os Jogos Olímpicos 2024. O nosso hotel de Madeleine. O irmos a pé, compassados e orgulhosos, à abertura deste grande evento. Sur la Seine. É uma forma de comemorarmos os atletas de Cabo Verde, a nossa sobrinha Djamila Correia e Silva, o Centenário de Amílcar Cabral, os 10 anos da Rosa de Porcelana Editora, com mais um livro (desta vez, de Margarida Fontes) a sair na cidade da Praia e o centésimo livro já na calha para setembro do nosso contentamento. Que os Jogos Olímpicos sejam, como vaticinou o Papa Francisco, portadores da paz, nas antípodas da guerra. Com amor.

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“Señor Blues”, de Horace Silver, para os meus amigos Ana Rita Pires e Mito Elias (artistas e criadores do Fandata Studio) da exposição Alt_Print riba Kova, no Centro Cultural de Cabo Verde, em Lisboa, até o dia 28 de setembro. Este projeto de arte visual, plástica e comunitária tem a participação de jovens do Projeto Futuro Na Nôs Mon, do Moinho da Juventude, do Bairro Cova da Moura. A Blue Note, caros amigos!

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Desta banda, canta mais uma morna. A do Betú, que é de acalanto azul, a do Antero, que é de paixão ardente, e a do Jorge Monteiro, que é de levitação. Canta mais uma morna, ki N konxi inda mininu, na ragas, do Orlando Pantera. Afinal (eia, Mário Fonseca, poeta maior, que lhe guardo saudade): “Mon Pays est une Musique”.

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Doutra banda, mísera contenta, vademécum que nos ocupa o quotidiano. Acanhado horizonte, no tanto que a vista grossa alcança. E endurecer-se sem perder a ternura é o que nos faria sentido. Ou não?

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Um largo afago para os que acompanham estes Relâmpagos, sem estrondos temerosos, nem mazelas tinhosas. Mon pays est une couleur où plonger est mon bonheur...