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Falta de amor: a maior de todas as pobrezas

Nada justifica tanta desumanidade, tanta falta de amor ao próximo, tanta pobreza de espírito

Estou a escrever este artigo ainda com muitas dificuldades, devido a um triste acidente que deixou em muito mau estado o meu braço direito. O último mês foi muito difícil mas, ao mesmo tempo, deu-me tempo para refletir sobre tudo o que se passa minha volta, e também no mundo inteiro, tendo chegado à conclusão de que existe muita falta de amor em quase tudo o que está a acontecer.

Oiço intervenções despidas de humanidade. É tudo dito e redito com frieza e calculismo, com dentes cerrados, chantagens, sem sinceridade, em debates estéreis, onde o ser humano nunca é colocado no centro. Falam de números e de coisas, dão o dito pelo não dito, negoceiam tachos e outros favores para levarem a água ao moinho de muita gente, sobretudo, a que se cola á volta dos poderes, sejam eles governamentais, camarários, e muitos mais que abundam por todo o lado.

Não se vislumbra preocupação com o próximo, mesmo entre quem debate. É tudo frio e calculado. As pseudoexplicações são sobretudo para tentar segurar os correligionários, e mesmo isso está cada vez mais difícil. Basta estar atento para ver as movimentações que circulam por aí, em vários quadrantes da sociedade.

As vozes mais humanizadas não conseguem o devido destaque na sociedade porque quem vota preferiu as vozes da manipulação e da mentira àquelas que nunca se calam com a verdade e com preocupações de amor ao próximo. No geral da sociedade, as pessoas reagem com indiferença e frieza. Dizem mal nas redes sociais, nos cafés e nas conversas privadas, mas depois surgem os festivais, as festas, os arraiais, etc… e tudo flui ás mil maravilhas, até às próximas chuvas.

Tudo isto revela que falta muito amor. Aquele amor preocupado pelas condições de vida em que se encontram milhares de pessoas, que as estatísticas dizem que vivem no limiar da pobreza. E se antigamente se falava apenas dos mais velhos, que eram os considerados mais pobres, hoje existem também famílias trabalhadoras na mesma situação, devido aos baixos salários. Muita gente jovem também adia os seus planos de constituir família por não conseguir alugar uma casa, porque as casas com piscina que estão no mercado do arrendamento não são para quem realmente precisa.

Olho para as notícias internacionais e todos os dias nas zonas de conflito armado vejo a destruição de casas com gente dentro. Hospitais com crianças a morrer por todos os lados. Ataques destrutivos cujo sangue derramado é dos inocentes e nunca dos mandantes da guerra.

As vozes que se levantam a apelar à paz são aos milhares por todo o mundo, mas os ouvidos dos mandantes das guerras são ocos e desumanos, porque só pensam nos seus interesses bélicos marimbando-se para os povos e a sua desgraça. Os seus corações são duros sem qualquer manifestação de preocupação pelos, que todos os dias, caiem devido á sua ação. Eu já não consigo olhar para as imagens das mães, pais e outros familiares a perguntarem, o que é que fizemos para merecer isto? Porque nos matam todos os dias, á fome, ao frio, e com armas se nunca fizemos nada contra ninguém?

Tenho pensado muito no papel das organizações internacionais dos direitos humanos como a ONU. Porque é que não conseguem impor as suas Resoluções? O que está a falhar? As decisões terem que ser tomadas por unanimidade? Basta um país votar contra para bloquear todo o processo pela paz? Então não chegou á altura de introduzir alterações a esses regulamentos ou a essa forma de funcionar? Vão continuar a estar manietados, enquanto milhares de pessoas ficam sem os seus bens ou morrem porque os senhores da guerra e das armas assim o decidiram? E não me venham com argumentos falaciosos de estratégias militares, de guerras frias artificiais, ou seja lá do que for. Nada justifica tanta desumanidade, tanta falta de amor ao próximo, tanta pobreza de espírito. O Mundo está a morrer por falta de amor, é a maior pobreza dos tempos que atravessamos.