Governo austríaco quer deixar de comprar gás russo
O governo austríaco anunciou hoje a constituição de uma comissão para se livrar da dependência do gás russo, que continua a representar 90% das suas importações, mais de dois anos depois da invasão russa da Ucrânia.
Esta instância vai ser "encarregada de examinar o contrato entre a Gazprom o [grupo austríaco] OMV", prolongado há seis anos até 2040, e analisar "as possibilidades e os riscos" em caso de rescisão, disse aos jornalistas a ministra do Ambiente, a ecologista Leonore Gewessler.
Em 2018, o chanceler conservador Sebastian Kurz tinha assistido, ao lado de Vladimir Putin, à assinatura deste contrato, em Viena, que supostamente garante preços interessantes, mas cujas cláusulas nunca foram divulgadas.
O Estado é o acionista maioritário do OMV, com 31,5%, mas este sempre recusou mostrar a condições de compra, recorrendo ao direito privado.
Mas, segundo um porta-voz do Ministério, interrogado pela AFP, já aceitou que a comissão consultasse o contrato, depois de negociações.
"O prolongamento [do contrato] foi um erro", disse a ministra. Apelou a mais transparência, invocando o direito europeu e a recomendação feita a todos os Estados membros da União Europeia para saírem do gás russo até 2027.
Uma das funções da comissão é a de esclarecer o contexto político que enquadrou a assinatura do contrato controverso, apesar da anexação da Crimeia para Federação Russa, quando a Áustria era dirigida por um governo de direita e extrema-direita, próximo dos dirigentes russos.