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Quem te viu, quem te vê

No dia 4 de julho discutiu-se na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira (ALRAM) o Programa de Governo para 2024-2028. Foi um debate que trouxe ao de cima o que de melhor existe neste Governo Regional do PSD: altivez, prepotência e a atitude superior de “quero, posso e mando!”. A tão falada abertura democrática para o diálogo, a humildade e o respeito pelo “adversário político”, passaram a ser coisas do passado! Ou seja, agora, como já estava garantida a aprovação do Programa de Governo, veio ao de cima aquilo que tem caraterizado nos últimos anos a maior parte dos membros deste Governo Regional: a sobranceria e a insolência.

Mas falando especificamente do debate do Programa de Governo e do processo anterior a este, deixo alguns procedimentos que aconteceram e que merecem ser conhecidos pelo Povo e que marcaram o percurso deste Governo Regional para continuar agarrado ao poder.

• Após as eleições de 26 de maio, o representante da República pede aos partidos para irem ao seu “palácio” no dia 27 de maio, numa altura em que ainda se contavam os votos para o apuramento final e ainda eram recebidos votos nas Juntas de Freguesia - atrasados porque vinham do Continente - e já o Representante da República reunia à pressa com os partidos políticos.

• A 28 de maio, o Representante da República indigitou Miguel Albuquerque como presidente do Governo e ainda estavam por homologar os resultados finais das eleições. Mas a conversa do “governo estável” cantada por Miguel Albuquerque ao Representante da República, foi bem convincente. Uma estabilidade que nunca existiu e as provas foram a eleição de José Manuel Rodrigues para presidente da Assembleia e a primeira discussão do Programa de Governo. Tudo porque o objetivo era o PSD continuar a governar, custe o que custasse!

• A passagem do presidente do Governo Regional pelo plenário durante a discussão do Programa de Governo, foi tão “animada” que até deu para este se dar ao luxo de não responder às perguntas colocadas pelos deputados do JPP, manifestando uma atitude e comportamento de “eu quero, posso e mando!”. O respeito, a humildade, o diálogo e a abertura democrática caíram por terra, porque agora a “prévia negociata” tinha funcionado e estava garantida a aprovação do Programa de Governo.

• Miguel Albuquerque afirmou que o Governo Regional nunca se recusou a vir à Assembleia. Não é verdade! Em março de 2022, os deputados do JPP quiseram ouvir, em audição parlamentar, a Secretária Regional da Inclusão sobre o processo de privatização de lares, mas a senhora secretária nunca veio nem recebeu os deputados.

A verdade é que foi notória a mudança de atitude do Governo Regional no parlamento, entre o primeiro debate aquando da discussão do Programa de Governo, que retirou, e este debate no dia 4 de julho. De uma atitude de abertura ao diálogo passou para um comportamento prepotente e sobranceiro.