Mudança ou Continuidade: a incerteza de um futuro na Madeira
A Madeira atravessa um período de profunda instabilidade política e social. A recente aprovação do Programa de Governo por apenas um voto evidencia a fragilidade da coligação PSD, PAN e CDS. Por outro lado, o PS, o JPP e uma deputada do CHEGA votaram contra, enquanto a Iniciativa Liberal e três deputados do CHEGA optaram pela abstenção.
O futuro da Região permanece incerto, dependendo crucialmente da discussão e votação do Orçamento. Contudo, para além dos jogos políticos, quem realmente sofre são os madeirenses e, em particular, a juventude madeirense, que se sente abandonada pelo atual executivo regional.
Nos últimos anos, milhares de jovens madeirenses deixaram a Região em busca de melhores oportunidades. Muitos que saíram para estudar não retornaram, desiludidos com a falta de perspectivas profissionais e de vida na Região. Este êxodo é um sintoma grave de um mercado de trabalho incapaz de absorver e valorizar a geração mais qualificada de sempre. Jovens que aspiram a uma carreira digna e à estabilidade familiar encontram-se obrigados a procurar futuro fora da Madeira, perpetuando um ciclo de fuga de cérebros que enfraquece ainda mais a economia regional.
A Madeira não tem conseguido atrair nem reter talento, operando numa economia de baixos salários e de poucas oportunidades qualificadas. A diversificação económica torna-se imperativa. A Administração Pública, principal empregadora, precisa de rejuvenescer a sua força de trabalho, cuja média de idades ronda os 48 anos, empregando uma geração jovem e qualificada. Paralelamente, é essencial a reforma do Centro Internacional de Negócios da Madeira (CINM) para que as empresas aí sediadas assumam um papel activo na contratação de profissionais qualificados e para que este, enquanto organismo, tenha uma responsabilidade social.
Na Educação, as desigualdades são gritantes. A Madeira apresenta uma taxa de abandono escolar de 9,3%, superior à média nacional de 8% e ao limite da União Europeia de 9%. Enquanto isso, o Governo Regional destina cerca de 35 milhões de euros ao financiamento de instituições privadas, em detrimento do investimento no ensino público, que poderiam ser canalizados para aumentar quantitativa e qualitativamente as Bolsas de Estudo para os estudantes do Ensino Superior, em especial os deslocados, almejando beneficiar igualmente as famílias de classe média.
A questão da Habitação é um dos problemas mais prementes. Com quase 5000 famílias a necessitar de soluções habitacionais urgentes, o Governo Regional falha na execução de políticas eficazes. O programa “PRAHABITAR” apoiou menos de mil famílias, e os preços de arrendamento dispararam para uma média de 1500 euros. Medidas como a construção de habitação acessível e programas de arrendamento a custos controlados são urgentemente necessárias.
A Madeira também enfrenta altos índices de desigualdade social, reflexo da falta de uma estratégia de desenvolvimento sustentável. Uma população com apenas 18% de licenciados, muito abaixo da média nacional de 48%, evidencia a necessidade de maior investimento em Educação e Qualificação.
Os jovens madeirenses sentem-se desamparados por um Governo que não consegue oferecer-lhes um futuro promissor. É imperativo que o executivo regional tome medidas concretas para reverter esta situação. Diversificar a Economia, investir na Educação Pública, reformar a Administração Pública e adoptar Políticas Habitacionais Inclusivas são passos fundamentais para criar uma Madeira onde os jovens possam vislumbrar um futuro digno e próspero.
A região precisa urgentemente de um novo rumo e a oposição tem de reconhecer que está nas suas mãos preparar esse Futuro. É preciso credibilizar a política na Região, seja em termos de estrutura, de orgânica política, como de comunicação, para gerar um sentimento de pertença junto do povo madeirense e portossantense. A oposição não tem conseguido fazê-lo, em conjunto, inviabilizando qualquer alternativa sustentada, que atraia a intenção dos madeirenses e portossantenses. As Novas Gerações estão abandonadas pelo Governo Regional, mas os madeirenses não podem continuar órfãos de uma alternativa, cabe assim ao Partido Socialista ser o garante dessa mesma solução.