Polícia brasileira acredita que Bolsonaro desviou 1,1 ME em presentes para seu benefício
A Polícia Federal do Brasil acredita que ex-presidente Jair Bolsonaro beneficiou do desvio de presentes recebidos durante visitas oficiais no estrangeiro que estão avaliados em cerca de 1,1 milhões de euros.
Segundo um relatório da Polícia Federal, tornado público na segunda-feira pelo juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, as autoridades policias acreditam que o esquema visava o enriquecimento ilícito de Bolsonaro, que foi acusado na quinta-feira, juntamente com outras 11 pessoas, pelos crimes de apropriação de património público, lavagem de dinheiro e associação para cometer um crime.
De acordo com os investigadores, os participantes do esquema usavam dois estratagemas para desviar os presentes oficiais, dependendo o presente havia sido formalmente registado, ou não.
Assim, aqueles que não haviam sido registados eram levados diretamente pelo ex-presidente sem passar pela avaliação do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica, órgão presidencial controlado por um assessor de Bolsonaro.
Enquanto isso, outros presentes foram considerados por esse órgão como "bens personalíssimos" para que Bolsonaro pudesse ficar com eles, com base em uma "interpretação jurídica diametralmente oposta aos fundamentos constitucionais", segundo a polícia.
Entre os bens roubados está um conjunto de joias de ouro rosa Chopard para homem, entregue pelo Governo da Arábia Saudita ao ministro da Energia de Bolsonaro, Bento Albuquerque.
Em dezembro de 2022, a poucos dias do fim do mandato do ex-presidente, estas joias foram levadas no avião presidencial para os Estados Unidos, onde foram leiloadas.
O mesmo destino tiveram outros objetos de luxo recebidos pelo então Presidente durante visitas oficiais à Arábia Saudita e ao Bahrein, como dois relógios Rolex e Patek Phillipe.
Segundo a polícia, nos Estados Unidos, intermediários do antigo Presidente foram encarregados de negociar a venda das joias, a fim de "ocultar o verdadeiro proprietário e beneficiário" da transação.
Desta forma, o dinheiro recebido com a venda dos dois relógios foi primeiro para a conta bancária do general Mauro César Lourena Cid, pai do assessor pessoal de Bolsonaro.
Nos meses seguintes, esses fundos foram transferidos durante encontros pessoais, "em prestações e em espécie", para Bolsonaro, que passou algum tempo em Miami após a sua derrota eleitoral para Lula da Silva.