“Se fosse comigo é que era…”
A nossa sociedade está repleta de críticos de bancada, de sofá e de redes sociais de teclado. Aqueles que se sentam confortavelmente no seu sofá e debitam “bitaites” nas redes sociais, ditam sentenças sobre tudo e todos. Os “se fosse comigo, é que era” são uma “tribo” que prolifera, especialmente em tempos de crise ou mudança.
É curioso observar como estas figuras, munidas de uma sabedoria inquestionável (pelo menos nas suas mentes), possuem soluções para todos os problemas, sejam eles políticos, sociais ou económicos. No entanto, quando se trata de arregaçar as mangas e colocar as suas ideias em prática, a energia dissipa-se, e o compromisso esmorece.
Numa conversa de café, o “se fosse comigo, é que era” vai resolver a crise financeira com duas ou três medidas simples. Num convívio de família, o “se fosse comigo, é que era” sabe exactamente como educar as crianças dos outros. No trabalho, o “se fosse comigo, é que era” tem sempre a estratégia perfeita que os superiores teimam em ignorar.
Mas por que razão os “se fosse comigo, é que era” raramente passam da crítica destrutiva, entenda-se, à acção? Talvez porque criticar é fácil e não envolve risco.
É fácil apontar o dedo aos erros alheios quando não se está na linha da frente, enfrentando as consequências das decisões. É fácil desenhar planos mirabolantes no papel quando não se tem de lidar com a complexidade e a imprevisibilidade do mundo real.
A verdade é que o ato de fazer é um território cheio de incertezas, exige coragem, perseverança e, muitas vezes, a humildade de reconhecer que não sabemos tudo; exige enfrentar falhas, ajustar rotas e, acima de tudo, um compromisso constante com o progresso, mesmo que esse ato avance de maneira instável, com muitos percalços, tropeços e interrupções.
Por outro lado, os “verdadeiros fazedores” da nossa sociedade raramente se vangloriam dos seus feitos, pois estão ocupados a transformar ideias em realidade, a enfrentar obstáculos e a aprender com os erros. Eles sabem que o caminho da realização é pavimentado por muitos fracassos e que cada pequena vitória é fruto de muito esforço e dedicação.
Assim, da próxima vez que encontrarmos um “se fosse comigo, é que era”, talvez devêssemos perguntar: “E porque não é contigo?”
A resposta pode revelar muito sobre a diferença entre o falar e o fazer, e sobre o verdadeiro valor da acção em vez da mera crítica destrutiva. Queremos sim é pessoas que queiram “FAZER A DIFERENÇA”.
José Augusto de Sousa Martins