Limite à operacionalidade aérea foi fixado há 60 anos por "avião obsoleto"
80% dos voos divergiram no Aeroporto da Madeira quando o vento médio era de apenas 5,55 km/h acima do limite operacional, revelou Eduardo Jesus
Secretário do Turismo insiste na necessidade de serem revistos os limites de operacionalidade aérea: "É tempo demasiado para se viver com este passado"
Eduardo Jesus aproveitou a oportunidade da celebração do 60.º aniversário do primeiro voo operado pela TAP entre Lisboa e o Funchal para insistir na necessidade de serem revistos os limites operacionais para o Aeroporto Internacional da Madeira, lembrando que tal imposição foi fixada em 1964 por um avião que à data já era considerado obsoleto. O governante revelou ainda uma das mais recentes conclusões do estudo de trabalho criado para o efeito: em 80% dos voos divergidos, o vento médio registado era de apenas 5,55 km/h acima do limite operacional fixado..
O secretário regional da Economia, Turismo e Cultura, começou por traçar uma retrospectiva sobre a evolução do aeroporto da Madeira que “constitui ainda hoje a maior obra realizada na RAM”, lembrando que mesmo estando a decorrer a maior obra pública em Portugal - o Hospital Central e Universitário da Madeira – o seu valor orçamentado não atinge o custo da obra da infra-estrutura aeroportuária executada há mais de 60 anos, e que “orçou 95 milhões de contos, qualquer coisa como 500 milhões de euros na moeda actual”.
“Nós queremos não muito mais, mas queremos sempre o melhor e queremos construir esse futuro melhor convosco e acima de tudo ultrapassando dificuldades que já existem há demasiado tempo no arquipélago da Madeira”, apontou o governante falando para uma plateia onde, entre as entidades oficiais, estavam Thierry Ligonnière, director da Vinci, concessionária da ANA - Aeroportos de Portugal.
Referindo-se aos limites de operacionalidade aérea resultante dos ventos, Eduardo Jesus considerou ser “uma grande habilidade encontrar numa dificuldade uma oportunidade”. E embora não seja possível acabar com os ventos, está ao nosso alcance rever os limites que nos são impostos e que têm impacto na mobilidade aérea dos madeirenses e visitantes.
Nós não podemos viver com limites de vento que foram fixados naquela altura em que visualizamos, em 1964, um Dakota DC-3, que tinha servido a II Guerra Mundial, e que já era considerado um avião obsoleto na altura em que se inaugurou o Aeroporto da Madeira, em 1964. É tempo demasiado para se viver com este passado tão presente" Eduardo Jesus, secretário regional da Economia, Turismo e Cultura
O governante elogiou o esforço que tem sido feito no sentido de melhorar os instrumentos de medição do vento como os da rede do IPMA que ajudam a ter a percepção das condições meteorológicas, mas considera que o caminho para a solução não é esse. “Nós temos de encarar com frontalidade e determinação, que essa limitação não constitui uma realidade”, disse Eduardo Jesus, entendendo que devido essa imposição de há 60 anos terá de ser revista, até pelos inúmeros constrangimentos que daí resultam para o turismo e a mobilidade. “Esta limitação obstrui demasiadas vezes a nossa vida”, apontou.
Eduardo Jesus lembra a conclusão da última reunião da equipa de trabalho constituída para o efeito, pelo Governo da República, dando conta que “80% das divergências ocorrem por uma diferença de 3 nós”. Ou seja, 80% dos voos divergiram no aeroporto da Madeira quando o vento soprava apenas 5,55 km/h acima do limite operacional fixado.
“Ora, para os mais entendidos nesta matéria, nós não estamos a pôr em causa a segurança seja lá do que for, é preciso é vontade e determinação para vencer estes obstáculos”, exortou Eduardo Jesus.