Moedas insiste no aumento da taxa turística para investir em limpeza, cultura e espaços verdes de Lisboa
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, insistiu hoje no aumento da taxa turística de dois para quatro euros, cujas receitas podem ser utilizadas para investir nas áreas da limpeza da cidade, cultura e espaços verdes.
"Se a cidade vir o valor do turismo, seja em melhor limpeza, melhores espaços, mas também mais cultura, então o turismo vale mesmo a pena, ele é visível", defendeu o autarca na cerimónia de assinatura do contrato de concessão para criação do "Centro Interpretativo dos Murais de Almada nas Gares Marítimas", entre a Administração do Porto de Lisboa (APL) e a Associação do Turismo de Lisboa (ATL).
Carlos Moedas voltou a defender a duplicação do valor da taxa cobrada aos turistas que visitam Lisboa, de dois para quatro euros por noite, que mereceu críticas da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) e da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP), e deu como exemplo o novo polo cultural e turístico dos murais de Almada Negreiros nas gares marítimas, que recebeu cerca de 3,5 milhões de euros provenientes da taxa turística para a sua concretização.
"Quando eu digo que quero aumentar a taxa turística é exatamente para ter mais cultura, mais equipamentos de cultura, é para maior limpeza da cidade, é para ter espaços mais verdes", insistiu o presidente da Câmara, em declarações aos jornalistas no final da cerimónia.
Carlos Moedas vincou ainda que esta medida permite "baixar os impostos aos lisboetas", lembrando que o turismo corresponde a quase 20% da economia da cidade e 25% do emprego e garantindo que a ideia "não é diminuir o turismo, mas apostar também em outras áreas".
"Temos trabalhado com o Turismo de Lisboa para pensar novas centralidades, [...], nós temos mais ou menos 35.000 turistas [diários] que entram na nossa cidade e esses 35.000 normalmente vão exatamente para os mesmos sítios, vão para as mesmas partes da cidade e aquilo que nós temos de conseguir é novas centralidades, como é o caso daquilo que estamos aqui a fazer", apontou.
Já o diretor-geral da Associação de Turismo de Lisboa, Vítor Costa, considerou que o que mais preocupa o setor na capital é a utilização das verbas arrecadadas com a taxa turística.
"Os turistas, quando vão a determinada cidade, também têm o seu peso, a sua interferência, e a nós o que nos preocupa no setor do turismo é que haja recursos para que os turistas tenham maior ligação com a cidade e que a qualidade da cidade seja melhorada com esses recursos também", disse o responsável, considerando que "é bom para os turistas, mas é também, sobretudo, bom para os residentes".
Relativamente aos receios manifestados por algumas entidades de que o aumento da taxa faça diminuir o número de turistas, Vítor Costa disse não partilhar desta visão e acredita que tal não vai acontecer.
"Já tivemos experiência de quando a taxa foi introduzida, com um euro, quando ela passou para dois euros, e isso não teve nenhum impacto. Este movimento de requalificação, da maior qualidade do turismo em Lisboa tem-se verificado", argumentou.
A cerimónia de hoje foi presidida pelo ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, que, em declarações aos jornalistas fez um balanço de "100 dias de um Governo que veio para fazer e não para tricas partidárias".
"São os primeiros 100 dias de muitos outros que o Governo liderado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, terá para mostrar aos portugueses aquilo a que veio", realçou o governante.
Já questionado sobre o concurso público internacional para a construção e gestão do primeiro troço da linha de Alta Velocidade Porto-Lisboa, que recebeu duas candidaturas, Pinto Luz disse que "o Governo não tem de esperar muitas ou poucas candidaturas" e que o importante é "que se faça bem, em tempo e dentro dos orçamentos".