Desgoverno e necessidade de outro rumo
A atual situação política nesta Região está condicionada pelo desgoverno. Desgoverno não quer dizer falta de um governo. Aliás, há décadas que impera a mesma governação nesta terra. O desgoverno, sim, é o resultado do agravamento de profundos problemas que afetam o desenvolvimento regional.
Apesar do PSD/CDS ter garantido que PAN, Chega e IL são a estaca do regime, o desgoverno continua, agravam-se as desigualdades sociais e territoriais, prolongam-se os défices estruturais desta Região e os bloqueios ao desenvolvimento sustentável.
Entretanto, a governação PSD/CDS alimentará o álibi de que só não se resolvem os problemas desta Região porque outros partidos não lhes dão as condições e o apoio, como se antes, com outra maioria absoluta, os problemas aí enraizados não se tivessem acumulado sem resolução…
Outros partidos alimentam aquela manhosa vitimização, tão favorável a quem está no poder, caem naquela armadilha e mais não fazem, no Parlamento e fora dele, do que dizer que tudo se resolveria se, por um passe de mágica, apenas fosse substituído o Presidente do Governo. Em vez da proposta de outro rumo e de outra política, limitam-se a exigir a substituição de Miguel Albuquerque, como se o velho programa de governo e as velhas políticas ganhassem súbita bondade se outro fosse o inquilino na Quinta Vigia.
Os governantes, de mãos dadas com aquela suposta oposição, agigantam o argumento da instabilidade política, encenam divergências, que não vão além da dança das cadeiras, ocultando que desestabilizador é o agravamento das condições de vida dos trabalhadores e do povo.
A instabilidade económica, social e política cresce nesta Região quando se multiplicam injustiças e atropelos. Com o aumento dos preços, os governantes pretendem reduzir drasticamente os salários reais de quem trabalha de forma que sejam os trabalhadores e a população trabalhadora a pagar pelas dificuldades financeiras e económicas.
Enquanto uns ricaços são considerados cidadãos de primeira classe, só com direitos e privilégios, pelo contrário, para o povo é imposta a degradação das condições de vida e a precariedade da situação económica e financeira.
Por isso, não é por falta de orçamento, nem é pela falta de meios financeiros, não é a invocada “instabilidade política”, nem o atual quadro político que não criam condições para o Governo resolver os problemas políticos e sociais que a Região vive. É por não ter em conta os interesses da classe trabalhadora e do povo. É por não ter por prioridade as aspirações do povo destas ilhas. É a natureza das políticas defendidas por quem está no Parlamento e no Governo Regional que não possibilitam um novo rumo para esta Região insular.