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Madeira

IFCN devolve à Câmara da Ponta do Sol acusação de inércia no combate às plantas invasoras

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“Estranha-se a campanha lançada pela Câmara Municipal da Ponta do Sol, dada a pequena mancha de floresta Laurissilva existente no concelho” e as “as dificuldades impostas” pela autarquia a alguns investimentos florestais. O comentário consta de uma nota emitida esta tarde pelo Instituto de Florestas e Conservação da Natureza (IFCN), em reacção à notícia de hoje do DIÁRIO sobre um alerta do município presidido por Célia Pessegueiro a considerar que o “controlo das invasoras está a ser insuficiente”.

Ora o Instituto público presidido por Manuel Filipe assegura que “o concelho da Ponta do Sol apenas possui uma pequena mancha de floresta Laurissilva, localizada na zona das Rabaças”. Já quanto à vegetação do Paul da Serra, “embora de enorme importância e relevância, não se trata de vegetação da Floresta Laurissilva”.

O IFCN critica os reparos feitos pela autarquia, sobretudo porque aparentemente não tem grande atenção ao estado dos espaços verdes que são da sua responsabilidade: “O concelho da Ponta do Sol possui outras zonas de elevada relevância no que a presença de vegetação indígena diz respeito, como é o caso da zona dos Moledos, zona classificada de elevado estatuto de protecção e conservação e mesmo outras zonas costeiras de elevada relevância que estão a ser invadidas por espécies invasoras, como é o caso da cana vieira, não demostrando a CMPS preocupação nem lançando nenhuma campanha especifica para estas áreas onde a competência de limpeza ou notificação de limpeza dos seus proprietários é da CMPS”.

Sobre as espécies invasoras e os problemas que representam, o IFCN relembra que já se encontra em curso uma campanha desde o ano passado intitulada ‘Pela Biodiversidade pare as invasoras’. Trata-se de um projecto financiado pela União Europeia, através do PRODERAM, que visa sensibilizar e fornecer informação à população sobre este problema. O IFCN possui ainda um outro projecto que visa a detecção precoce e eliminação rápida de espécies invasoras, dado o problema que constituem as novas invasoras para a Região. Estes projectos representam um investimento de mais de 120 mil euros.

No que respeita à zona de gestão pública do Paul da Serra, gerida pelo IFCN, este organismo tutelado pelo Governo Regional recorda os diversos trabalhos realizados no local nos últimos 4 anos, que incluem operações de limpeza e florestação com espécies indígenas. Mais de 20 mil plantas foram recentemente instaladas numa zona de planalto como medida compensatória da construção da barragem Engº Rui Rebelo. Por outro lado, nos últimos 3 anos o IFCN limpou mais de 200 hectares entre a Bica da Cana, Estanquinhos e Cova Grande. Um dos projectos contemplou mesmo a aquisição de uma máquina para remoção de invasoras na zona do Paul da Serra.

Nos terrenos florestais privados o IFCN tem efectuado um trabalho de sensibilização junto dos proprietários para a necessidade de recuperação dessas áreas, tendo por objectivo remover as invasoras, reflorestar com espécies adequadas e instalação de equipamentos de prevenção e combate a incêndios florestais. Deste esforço e da dedicação dos proprietários, conjugado com apoios comunitários no âmbito do PRODERAM, o IFCN garante que conseguiu que “a Ponta do Sol seja o concelho com maior investimento privado florestal para zonas degradadas, possuindo o maior projecto privado florestal da Madeira para a zona das Rabaças, que constitui o único local do concelho onde se verifica floresta Laurissilva e que no passado já foi ameaçado pelos incêndios”.

O IFCN entende que o seu trabalho “contrasta com as dificuldades impostas pela CMPS” aos proprietários e a estes investimentos, “nomeadamente a dificuldade que colocou no licenciamento dos reservatórios de água e demais infraestruturas previstas nestes projectos para prevenção e combate a incêndios florestais”.

Por último, o IFCN pede à autarquia liderada por Célia Pessegueiro que “esteja mais atenta ao investimento florestal no concelho, quer privado quer público, que acarinhe e acompanhe mais estes investimentos e que também se preocupe com as invasoras que se encontram noutros locais do concelho que afectam vegetação indígena e que se encontram em áreas de actuação da Câmara Municipal”.