Tiago e a Autonomia…

Era uma vez um pequeno menino chamado Tiago, que vivia na pequena vila da Ponta do Sol, na ilha da Madeira, onde o mar se encontrava com as montanhas em paisagens de cortar a respiração e onde as tradições se misturavam harmoniosamente com a modernidade. Crescido no seio de uma família humilde, Tiago desde cedo ouvia histórias sobre os seus antepassados e sobre as dificuldades e lutas que enfrentaram para garantir que a ilha fosse o que é hoje.

Um dia, na escola, a professora do 1.º CEB falou sobre a autonomia da Madeira. Explicou que a ilha tinha o seu próprio governo regional, capaz de tomar decisões importantes que afectavam directamente os seus habitantes. Para muitos dos seus colegas, aquilo parecia algo natural, um direito inquestionável. Mas Tiago, com a sua curiosidade insaciável, não conseguia deixar de pensar no que a professora dissera sobre o esforço necessário para alcançar tal autonomia e sobre o que ainda havia por fazer.

Numa das idas ao Funchal, Tiago visitou o Arquivo Regional da Madeira, um lugar recheado de livros e documentos antigos. Encontrou livros, cartas, fotografias e jornais de diferentes épocas que contavam a história da Madeira desde os tempos da sua descoberta até aos dias mais recentes de reivindicações políticas e sociais. Durante a pesquisa, Tiago leu sobre o movimento autonomista da Madeira, que lutou arduamente durante o século XX. Descobriu nomes de líderes locais, protestos, debates acalorados e até confrontos. Percebeu que a autonomia não foi um presente entregue de bandeja, mas sim o resultado de uma persistente demanda por reconhecimento e justiça.

A partir desse dia, a vida do Tiago nunca mais foi a mesma. Começou a conversar com os mais velhos, procurando entender as suas experiências e memórias sobre aquele período turbulento. Ouviu histórias de sacrifício, de pessoas que abdicaram de conforto e segurança para que as futuras gerações, como a dele, pudessem viver com mais dignidade e autonomia. Estas conversas fizeram-no perceber a verdadeira dimensão da autonomia e o que ainda era preciso fazer.

Inspirado, Tiago decidiu que queria contar essa história aos seus amigos. Queria que todos soubessem que a autonomia da Madeira era algo que devia ser valorizado e respeitado. Assim, com a ajuda da professora do 1.º CEB, organizou uma apresentação na escola. Levou consigo os documentos que encontrou na biblioteca, fotografias antigas e alguns livros, convidou alguns dos veteranos que haviam participado do movimento autonomista para falarem com os alunos. Na sua apresentação, Tiago não só contou a história da luta pela autonomia, mas também introduziu ideias liberais para defender e valorizar essa conquista, ideias essas que o pai lhe tinha falado durante as pesquisas que fez. Falou sobre a importância da liberdade individual e da responsabilidade pessoal, explicou que um governo regional autónomo permite uma maior proximidade entre os governantes e a população e deve promover uma gestão mais eficiente e adequada às necessidades locais. Tiago destacou que a autonomia deve permitir à Madeira decidir sobre a sua economia, incentivando a iniciativa privada e o empreendedorismo. Defendeu que políticas liberais, como a redução de impostos e a diminuição da burocracia, poderiam atrair investimentos e fomentar o crescimento económico da região. Argumentou que a descentralização do poder possibilita uma maior inovação e criatividade nas políticas públicas, adaptando-as às especificidades e potencialidades da ilha. Tiago defendeu ainda na apresentação do seu trabalho a importância da transparência e da responsabilidade dos governantes regionais. Explicou que, numa sociedade livre e autónoma, os cidadãos têm o dever de participar ativamente na vida política e de exigir responsabilidade dos seus líderes. A autonomia, disse Tiago, “só é plena quando acompanhada de uma cidadania activa e informada”.

A apresentação foi um sucesso.

Tiago continuou a estudar a história da sua ilha e as ideias liberais, sempre curioso e apaixonado pelo passado e pelo futuro. Cresceu com a convicção de que, para garantir um futuro próspero, era essencial lembrar e valorizar as lutas e conquistas do passado, ao mesmo tempo em que se deveriam defender os princípios da liberdade individual e da responsabilidade.

Foi a partir daqui que Tiago, um menino importado com a autonomia da sua ilha que queria que a autonomia não fosse vista como um dado adquirido, mas um processo em constante construção, tornou-se um guardião da memória e da identidade da sua terra, inspirando outros a fazerem o mesmo, pois acredita que todos podem “FAZER A DIFERENÇA”.

José Augusto de Sousa Martins