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Silêncio e desilusão entre os polícias à porta do parlamento após chumbo do suplemento

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ANTÓNIO PEDRO SANTOS

Os polícias que não conseguiram entrar para as galerias e acompanharam o debate do lado de fora do parlamento ouviram praticamente em silêncio, sem reação, o resultado das votações, que os mantém na mesma situação salarial.

Foi por volta das 18:00 que terminaram as votações no hemiciclo relativas às propostas de vários grupos parlamentares para atribuir às forças de segurança um subsídio de risco equiparado ao que foi concedido à Polícia Judiciária.

Junto à entrada lateral do parlamento, onde desde o início da tarde muitos polícias se foram juntando e formando fila para entrar e subir às galerias para assistir ao debate, os que ficaram de fora acompanharam o debate pelos telemóveis e foi praticamente sem reação que ouviram as votações que chumbaram as propostas que mais lhes interessavam, as que garantiam o suplemento salarial que reivindicam.

Também em silêncio, os polícias que assistiram no interior ao debate e às votações foram saindo a conta-gotas e permanecendo junto à entrada. Algumas moedas de cêntimo foram sendo atiradas para o chão, numa alusão às declarações do primeiro-ministro, Luis Montenegro, que disse que não seria dado "nem mais um cêntimo" para as negociações com as forças de segurança.

"Profundamente desiludido, com as expectativas em baixo", foi como se declarou Rui Neves, vice-presidente do Sindicato Independente dos Agentes de Polícia (SIAP), que reiterou que hoje não houve qualquer protesto de polícias no parlamento, mas admite que esse poderá ser o caminho de futuro.

"Restará se calhar ponderar se não será tempo dos polícias regressarem à luta e regressarem às ruas. Se calhar será o caminho que resta aos polícias perante a intransigência do primeiro-ministro", disse aos jornalistas, sobre a rejeição das propostas hoje no parlamento.

Garantiu que "os polícias não vão baixar os braços" e defendeu que é necessário "retificar uma injustiça que foi criada", lembrando que muitos deputados que hoje chumbaram as reivindicações das forças de segurança prometeram viabilizá-las na campanha eleitoral.

"Não direi [que fomos] enganados, mas esperávamos mais Em campanha eleitoral muita gente que hoje aqui estava sentada prometeu muita coisa a estes profissionais e se calhar desiludiram e defraudaram as expectativas que criaram", disse.

Frederico Morais, presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, também marcou presença nas galerias para assistir a um debate que também interessa a estes profissionais e cujas negociações decorrem em paralelo com as dos polícias. À saída manifestou "revolta e desilusão" por não terem sido aprovadas propostas que representam apenas uma diferença de 100 euros face ao que foi colocado como limite pelo Governo.

O dirigente sindical frisou que "nem o Governo nem o PS quiseram aprovar" a proposta do Chega, que reflete as contrapropostas dos sindicatos apresentadas ao executivo.

"O PS que é o culpado de todo este embrulho teve aqui hipótese de tentar remediar e dar algo às polícias portuguesas. Não o quis fazer, demonstrou que para o PS há separação de polícias", acusou.

Os guardas prisionais aguardam agora ser chamados pelo Governo para nova reunião negocial, à semelhança do que vai acontecer com os polícias na próxima semana, a 09 de julho, para perceber "o quer o Governo quer apresentar", mas Frederico Morais admitiu baixas expectativas face ao que foi dito por Luis Montenegro: "Pouco já esperamos das reuniões".

A Assembleia da República debateu hoje propostas do Chega, PCP e PAN para atribuir um suplemento remuneratório à PSP e à GNR.

O debate foi agendado pelo Chega, que apresentou quatro projetos de lei e três projetos de resolução (sem força de lei). Além destas iniciativas, os deputados debateram também projetos de lei e de resolução do PS, BE, PCP e PAN, todos relacionados com as forças de segurança.

O Chega propunha a atribuição de um suplemento de missão à PSP, GNR e guardas prisionais equiparado ao da Polícia Judiciária, em substituição do "suplemento por serviço e risco nas forças de segurança, tanto na sua componente fixa como variável".

Movimentos inorgânicos de elementos da PSP e da GNR, bem como algumas estruturas sindicais, mobilizar-se para assistirem ao debate parlamentar, respondendo a um convite do presidente do Chega, André Ventura.

Apesar de as principais associações da GNR e sindicatos da PSP se terem demarcado desta convocatória do Chega, os movimentos Zero e Inop apelaram aos polícias, através das redes sociais, para comparecem num protesto em frente à Assembleia da República e para marcarem presença nas galerias.