EUA dizem estar a esgotar a paciência à espera dos resultados oficiais
Os EUA alertaram hoje que estão a "perder a paciência" à espera que as autoridades venezuelanas publiquem as atas que sustentam a vitória de Nicolás Maduro nas presidenciais, contestada pela oposição e não reconhecida por parte da comunidade internacional.
"A nossa paciência e a da comunidade internacional está a esgotar-se enquanto esperamos que as autoridades eleitorais venezuelanas sejam sinceras e publiquem os dados completos e detalhados destas eleições para que todos possam ver os resultados", frisou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, em conferência de imprensa.
Kirby destacou que a administração liderada pelo Presidente dos Estados Unidos Joe Biden "partilha" as conclusões publicadas pelo Carter Center, organização norte-americana convidada pela Venezuela na qualidade de observador, que considerou que as eleições não foram democráticas.
Da mesma forma, o porta-voz garantiu que os protestos registados nestes dias na Venezuela se devem ao facto de "o povo venezuelano sair às ruas para exigir a contagem dos seus votos", realçando que os populares "não podem ser culpados por isso".
"Temos sérias preocupações sobre os mandados de captura que Maduro e os seus representantes poderiam emitir hoje contra os líderes da oposição", alertou Kirby, que condenou "a violência política e a repressão de qualquer tipo".
"A comunidade internacional está a observar e responderemos em conformidade", garantiu.
Numa outra conferência de imprensa, o vice-porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, declarou também que a paciência dos Estados Unidos e da comunidade internacional está a esgotar-se, e sublinhou que "cada vez mais países" pedem ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano que publique os registos de votação.
Patel recordou que a Organização dos Estados Americanos (OEA) vai realizar hoje uma reunião extraordinária em Washington para discutir a situação na Venezuela.
A Venezuela regista desde segunda-feira protestos em várias regiões do país contra os resultados anunciados pelo CNE, que proclamou oficialmente, na segunda-feira, como Presidente Nicolás Maduro, para o período 2025-2031.
De acordo com os dados oficiais do CNE, Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo com 51,2% dos votos, tendo obtido 5,15 milhões de votos.
O principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve pouco menos de 4,5 milhões de votos (44,2%), indicou o CNE.
A oposição venezuelana reivindica, contudo, a vitória nas eleições presidenciais, com 70% dos votos para Gonzalez Urrutia, afirmou a líder opositora María Corina Machado, tendo tornadas públicas atas da larga maioria das mesas de voto para sustentar a reclamação.
ONU, União Europeia (UE), Estados Unidos, Brasil, Colômbia, Chile, México, Argentina e Espanha, entre outros, pediram às autoridades eleitorais venezuelanas que publicassem os registos das votações para verificar a alegada vitória de Maduro.