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Madeira

Quercus contesta declarações de Paulo Oliveira

Em causa está a entrevista de Paulo Oliveira, membro do Conselho Directivo do IFCN, concedida ao DIÁRIO

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Foto Arquivo/ Dr

O Núcleo Regional da Quercus da Madeira contesta algumas declarações de Paulo Oliveira, membro do Conselho Directivo do Instituto de Florestas e Conservação da Natureza (IFCN), na entrevista concedida ao DIÁRIO, publicada na edição impressa do passado domingo. 

A associação começa por referir que a opinião de Paulo Oliveira relativamente à conservação da natureza na Madeire "reflecte a forma negligente e passiva como são geridas algumas áreas protegidas da Ilha da Madeira.

Quando questionado sobre a visitação excessiva  de algumas destas áreas, nomeadamente algumas levadas e a vereda que liga o Pico do Areeiro ao Pico Ruivo, e os danos daí resultantes, respondeu que "os ecossistemas  estão protegidos pela orografia". Ainda no seu característico tom relativista,  desvalorizou a situação, tendo referido que "Podemos ter situações pontuais, com lixo,  mas também tudo isso está a ser acautelado." Núcleo Regional da Quercus da Madeira

Perante estas declarações a Quercus diz que estas podem "podem convencer quem não anda na serra nem faz percursos nas levadas que atravessam áreas protegidas", contudo quem conhece fica "chocado com a forma negligente como o IFCN encara este problema".

O excessivo número de pessoas que visita as áreas protegidas não só é responsável pelo lixo que é depositado nas mesmas, mas também causa outros danos ao património, pelos mais variados motivos. Devido ao pisoteio, ao arranque e corte de algumas plantas (por gente irresponsável), ao aumento do risco das plantas invasoras (pelas sementes e propágulos transportados), ao aumento do risco de incêndio (pela negligência ou má-fé de alguns), à perturbação da quietude destas áreas causada pelo ruído dos visitantes, à alimentação de animais selvagens – é o caso dos tentilhões, veja-se a situação flagrante do Miradouro dos Balcões e da Levada do Furado, entre o Ribeiro Frio e a Portela. Núcleo Regional da Quercus da Madeira

"Mais do que desvalorizar e minimizar a situação, o IFCN deve encará-la como preocupante, regrando o acesso a estas áreas, colocando sinalética adequada para disciplinar a sua visitação, assegurando a presença de Vigilantes da Natureza nos locais mais sensíveis. Regrar o usufruto destas áreas à população não significa que se impeça o acesso às mesmas, significa que se pretende a sua conservação. O argumento de que não se quer criar “antagonismos” pela população, é falso. A regulamentação é importante para disciplinar a vida em sociedade e não nos revoltamos contra quem a cria, antes reconhecemos o seu valor. O mesmo se passa com o usufruto das áreas protegidas", lê-se na nota enviada à comunicação social.

Sobre o acesso o acesso ao Pico do Areeiro por automóveis ser condicionado, o Núcleo Regional da Quercus na Madeira questiona se as alternativas criadas tiveram em conta a capacidade de carga da Vereda do Areeiro, Percurso Recomendado 1. "É evidente que aquele percurso é muito procurado e sujeito a grande pressão, pelo que é muito importante determinar a sua capacidade de carga para ajustar a visitação. A questão da localização e dimensão do estacionamento é também importante e deve merecer cuidado. A dimensão deve ter em conta o número de visitantes que aquela área pode suportar, sem causar danos ao património natural e a sua localização não pode implicar a destruição do coberto vegetal nativo. Segundo notícias que vieram a público, o parque será construído numa zona compreendida entre a Casa das Sorveiras e o entroncamento para a Eira do Serrado. Esta área localiza-se dentro da Zona de Infiltração Máxima Cedro-Pico do Arieiro e “a esta zona de recarga deverá estar associada a produtividade da Galeria dos Tornos” (ver Plano de Gestão da Região Hidrográfica da Madeira, Parte 2 - Caraterização e Diagnóstico, pág. 70 e 71)".

Zona de Infiltração Máxima é “a área em que, devido à natureza do solo e do substrato geológico e ainda às condições de morfologia do terreno, a infiltração das águas apresenta condições especialmente favoráveis, contribuindo assim para a alimentação dos lençóis freáticos”. A lei prevê “medidas de proteção especial dos recursos hídricos, sendo nessas zonas condicionadas, restringidas ou interditas as atuações e utilizações suscetíveis de perturbar os seus objetivos específicos, em termos de quantidade e qualidade das águas.” Salientamos que, mesmo não sendo pavimentado, a compactação do solo reduz a sua permeabilidade. Núcleo Regional da Quercus da Madeira

A concluir, o Núcleo Regional da Quercus da Madeira diz que os exemplos do Caminho das Ginjas e do teleférico do Curral das Freiras não os deixam "descansados relativamente à política seguida pelo IFCN e pela Secretaria que o tutela".