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Restaurantes na Venezuela fazem entregas para que portugueses não saiam de casa

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Foto EPA/Henry Chirinos

Vários portugueses, proprietários de restaurantes e padarias do centro e leste de Caracas, recorreram ao serviço de 'delivery' para entregar os pedidos dos clientes ao domicílio e evitar que tenham de sair das suas casas.

"Não abri as portas, porque há muito pouca gente nas ruas e porque tudo está a funcionar lentamente. No entanto, tenho estado a aceitar pedidos por WhatsApp e a fazer 'delivery' desde há várias horas", disse o proprietário de um restaurante à Lusa.

José Daniel Gonçalves explicou que, com a pandemia da covid-19, o serviço de 'delivery', em motocicleta, ganhou expressão e, no dia de hoje, mesmo com as portas fechadas, tem duas cozinheiras a trabalhar para preparar os pedidos que vão ser entregues.

"As pessoas têm medo de sair. Temem que possa haver confrontos violentos e em casa é mais seguro. Hoje, os 'pastichos' [lasanha] de carne moída tiveram muita saída, mas também o 'cordon blue' de frango e o 'pabellón criollo' [prato típico composto de arroz, feijão preto, banana frita e carne de vaca desfiada]", explicou.

Por outro lado, Francisco Andrade afirmou que a sua padaria fez dezenas de 'delivery', muitos deles a portuguesas e portugueses que hoje não saíram das suas casas.

"As pessoas pediram principalmente pão de diferentes tipos, mas também queijo, fiambre e alguns doces", explicou.

Por outro lado, vários supermercados de Caracas registaram, ao longo da manhã de hoje, filas de pessoas à espera para comprar distintos produtos, mas principalmente alimentos.

"Estive meia hora em fila para poder entrar, mas depois as coisas fluíram. Estive na Central Madeirense [rede de supermercados de portugueses] e comprei várias coisas, mas não carne, porque não havia", disse uma portuguesa à agência Lusa, precisando que vários talhos permaneciam hoje encerrados em Caracas.

Elizabeth Álvarez afirmou que teve de ir a pé aos supermercados, porque o transporte público de passageiros não está a funcionar em Caracas.

Vários portugueses disseram à Lusa temer possíveis situações de violência no país e que os constrangimentos e protestos se prolonguem, dificultando o quotidiano das pessoas.

A Venezuela regista desde segunda-feira protestos em várias regiões do país contra os resultados das eleições de domingo anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

O CNE da Venezuela proclamou oficialmente, na segunda-feira, como Presidente, Nicolás Maduro, para o período 2025-2031.

De acordo com os dados oficiais do CNE, Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo com 51,2% dos votos, tendo obtido 5,15 milhões de votos.

O principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve pouco menos de 4,5 milhões de votos (44,2%), indicou o CNE.

A oposição venezuelana reivindica, contudo, a vitória nas eleições presidenciais, com 70% dos votos para Gonzalez Urrutia, afirmou a líder opositora María Corina Machado, recusando-se a reconhecer os resultados proclamados pelo CNE.