EUA dizem que nada coloca em causa a importância de um cessar-fogo em Gaza
O secretário de Estado norte-americano defendeu hoje que "nada coloca em causa a importância de alcançar um cessar-fogo" em Gaza, após o assassínio do líder político do movimento islamita palestiniano Hamas.
"Vi a informação e o que posso dizer nesse momento é que nada coloca em causa a importância de se conseguir um cessar-fogo", sublinhou Antony Blinken durante uma conferência na Universidade Nacional de Singapura, quando questionado sobre a morte de Ismail Haniyeh.
"Não vou especular sobre o impacto que qualquer acontecimento possa ter", disse Blinken, acrescentando: "O que sei é que continuaremos a trabalhar todos os dias" no cessar-fogo e na "prevenção de uma escalada do conflito".
A Guarda Revolucionária iraniana declarou hoje que o chefe da ala política do Hamas e um guarda-costas morreram durante um "ataque" à casa onde Haniyeh se encontrava em Teerão, na terça-feira à noite.
"A residência de Ismail Haniyeh, chefe do gabinete político da resistência islâmica do Hamas, foi atacada em Teerão e, devido a este incidente, ele e um guarda-costas morreram", refere o comunicado.
Até ao momento, o ataque não foi reivindicado. As autoridades israelitas não confirmaram qualquer operação em Teerão.
O grupo islamista palestiniano Hamas confirmou hoje o assassinato do seu líder, Ismail Haniyeh, em Teerão, onde se encontrava em visita oficial, e responsabilizou Israel, alertando que tal ato "não ficará impune".
"Estamos a trabalhar desde o primeiro dia para evitar uma escalada do conflito", disse Blinken, insistindo que "uma das chaves para garantir que isso não aconteça é conseguir um cessar-fogo".
O chefe da diplomacia norte-americana sublinhou a importância de "trazer de volta os reféns, aliviar o sofrimento dos palestinianos e colocar a situação num caminho melhor não só em Gaza, mas em toda a região".
"Trabalhamos todos os minutos de cada dia para que isso aconteça", reiterou o chefe da diplomacia dos EUA.
Horas antes dos comentários de Blinken, que está em digressão pela Ásia, o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, defendeu, a partir das Filipinas, que a escalada do conflito no Médio Oriente "não é inevitável", apesar da morte de Haniyeh.
"Mantenho que a guerra não é inevitável (...). Há espaço para a diplomacia", disse Austin em declarações aos meios de comunicação social na baía filipina de Subic, a antiga maior base naval dos EUA no estrangeiro.
A Autoridade Palestiniana (ANP) e países como Irão, Turquia, Rússia, China, Qatar, entre outros, juntaram-se ao coro de vozes que condenaram a morte do líder.
O líder da ANP, Mahmoud Abbas, e o secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hussein al-Sheikh, condenaram a morte de Haniyeh.
Abbas, que governa partes da Cisjordânia ocupada, "condenou veementemente o assassínio do líder do Hamas e considerou-o um ato cobarde e um acontecimento perigoso", informou a agência de notícias oficial palestiniana Wafa.
Além disso, "apelou às massas e às forças do povo palestiniano para a unidade, a paciência e a firmeza face à ocupação israelita".
Al-Sheikh, por seu lado, descreveu "o assassínio" de Haniyeh como "um ato cobarde".
"Obriga-nos a permanecer mais firmes diante da ocupação", sublinhou nas redes sociais.