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Peru reconhece candidato da oposição como Presidente eleito

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Foto EPA

O governo do Peru reconheceu hoje o candidato eleitoral da oposição venezuelana, Edmundo González Urrutia, como Presidente eleito, considerando "uma fraude" a declaração pelas autoridades eleitorais em Caracas de Nicolás Maduro como vencedor.

"Esta posição é compartilhada por numerosos países, governos e organismos internacionais", assegurou o ministro das Relações Exteriores peruano, Javier González-Olaechea, ao canal estatal TV Peru.

Em relação a Maduro, proclamado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano, o ministro adiantou que o Peru o considera "como uma pessoa que deseja perpetuar-se no poder por via de uma ditadura", tendo em conta "a fraude perpetrada" nas eleições de domingo.

O chanceler explicou que contactou por telefone a líder da oposição, María Corina Machado, manifestando solidariedade para com ela e com González Urrutia.

A principal coligação da oposição, a Plataforma Democrática Unida (PUD), afirmou que o seu candidato ganhou a Presidência por uma ampla margem (73%) e criou um sítio na Internet no qual carregou atas de mesas de voto de todo o país, que confirmam resultados eleitorais contrários aos oficiais.

O CNE concedeu a vitória ao Presidente Maduro com pouco mais de 51% dos votos, à frente do principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, que terá obtido 44% dos votos.

A oposição e parte da comunidade internacional duvidam destes resultados e exigem mais transparência e uma análise das atas eleitorais.

Rússia, Irão, China e outros países da região ideologicamente próximos do regime chavista liderado por Maduro congratularam o Presidente logo após a sua reeleição ser declarada na noite de domingo para segunda-feira.

Muitos outros países têm condicionado a sua posição à divulgação de mais dados sobre o apuramento dos resultados.

Hoje, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) desafiou Nicolás Maduro a esclarecer se aceita a derrota nas presidenciais de domingo, em que a oposição reivindica vitória, acusando o regime de "manipulação fraudulenta" e "repressão".

"Durante todo este processo eleitoral, o regime venezuelano aplicou o seu esquema repressivo, complementado por ações destinadas a distorcer completamente o resultado eleitoral, tornando-o disponível para a manipulação mais aberrante, que continua até hoje", declarou Luis Almagro, num comunicado divulgado hoje pelo seu gabinete.

O "regime madurista", prosseguiu, "ridicularizou importantes atores da comunidade internacional ao longo dos anos e, mais uma vez, lançou-se num processo eleitoral sem garantias, mecanismos e procedimentos para fazer cumprir essas garantias".

"O manual completo da manipulação fraudulenta do resultado eleitoral foi aplicado na Venezuela no domingo à noite, em muitos casos de forma muito rudimentar", criticou o responsável da organização.

Uma sessão extraordinária do Conselho Permanente da OEA, organização com sede em Washington, está agendada para quarta-feira para avaliar os resultados eleitorais das presidenciais venezuelanas.

A organização de defesa dos direitos humanos venezuelana Foro Penal afirmou hoje que pelo menos seis pessoas, incluindo dois menores, morreram durante os protestos que se registam desde segunda-feira no país contra a reeleição de Nicolás Maduro.

O diretor do Foro Penal, Alfredo Romero, em declarações à imprensa e reproduzidas na página da organização não-governamental (ONG) na rede social X, deu ainda conta de 132 detidos pelas autoridades neste período que designou como "pós-eleitoral", referindo-se aos protestos que se têm repetido por várias cidades venezuelanas desde segunda-feira contra os resultados da eleições presidenciais de domingo, anunciados pelas autoridades.

Segundo Romero, a maioria das pessoas foram detidas na capital, Caracas, mas também relatou "uma quantidade importante" de detidos no estado de Zúlia.

Também hoje, o procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, disse que um membro das Forças Armadas morreu devido a disparos que atribuiu aos manifestantes, no estado de Aragua (norte). Além disso, pelo menos 48 polícias e militares ficaram feridos.

Saab revelou ainda "um número preliminar de 749 delinquentes detidos", acrescentando que a maioria foi acusada de "resistência à autoridade" e "em casos mais graves, de terrorismo".