Os ditadores nunca perdem

Tudo leva a crer que as eleições de 28 julho de 2024 na Venezuela, tenham sido viciadas. Num regime ditatorial, Maduro continua a controlar e manipular os resultados eleitorais. Os ditadores ou arranjam sempre um sucessor de igual calibre ou acabam por cair de podres mas nunca perdem eleições. Quando as sondagens davam uma larga maioria à oposição apontando Edmundo González como vencedor, Maduro ameaçou com um banho de sangue na Venezuela se perdesse as eleições mas na véspera do dia eleitoral, já disse que aceitaria os resultados. Certamente já teria a garantia da sua reeleição para um terceiro mandato.

Acredito que agora estão criadas as condições para o tal banho de sangue visto Maduro ter ganho apenas por 1 “conveniente” ponto percentual (51%) e a oposição liderada por Edmundo González ficar apenas a 7 pontos (46%) da maioria absoluta.

Começa a surgir a pressão política, com denúncias de fraude eleitoral, com o impedimento de Maria Corina Machado de candidatar-se, quando havia ganho as primárias presidenciais com 90% dos votos em Outubro passado, mas agora foi interdita por 15 anos pelo o Supremo Tribunal da Venezuela que a impediu de candidatar-se. Suceder-se-ão os pedidos de auditorias por parte da oposição e algumas manifestações de rua e por tudo isto estarão criadas condições para o tal banho de sangue – oxalá que não - a que Maduro se referia.

Por falar em oposição! O que é feito de Juan Guaidó, o homem que deu o rosto pela oposição e foi, durante anos, o principal opositor de Maduro, chegando até a intitular-se em 2020, presidente, legalmente eleito, de um dos parlamentos da Venezuela, sendo reconhecido internacionalmente? Os americanos retiram-lhe o tapete? Ninguém o viu nem ouviu a ajudar a oposição na melhor oportunidade de ganhar as eleições para que os venezuelanos pudessem, finalmente, viver num país democrático. Os ditadores secam tudo à sua volta e para caírem do poder terá que haver banhos de sangue.

Juvenal Rodrigues