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Os EUA

É entre uma afro-asiático-americana, sem grande currículo presidencial e um ex-presidente… desaustinado, que os americanos deverão ter de escolher

As eleições nos Estados Unidos da América (EUA) estão quase à porta. Embora o mundo em geral nada possa fazer para alterar o estado de coisas, inevitavelmente, o resultado das mesmas terá repercussão mundial. As próximas eleições nos EUA moldarão, certamente, não só o futuro político do país (refletindo as profundas divisões e desafios enfrentados) e dos seus habitantes, como terão implicações significativas na política mundial.

Eventos recentes e inéditos transformaram a campanha eleitoral estadunidense numa sucessão de acontecimentos que não permitem fazer previsões com um mínimo de garantia.

O atentado contra Trump e a consequente desistência da corrida por parte de Joe Binden, alteraram significativamente a situação. A previsível indigitação de Kamala Harris para substituir Biden criou uma situação que, não sendo inesperada, veio alterar os parâmetros vigentes.

É disso exemplo a queda de 20% para 8% da percentagem de “double-haters” (eleitores que não apoiavam Donald Trump nem Joe Biden) que é patente em uma sondagem recente da Siena College (Universidade privada de Loudonville, New York) para o New York Times. Tal situação parece ficar a dever-se ao facto de os eleitores de esquerda estarem satisfeitos com a saída de cena do actual presidente. Há uma semana, o número de “double-haters” não tinha precedente na história eleitoral do Estado Unido. A mesma sondagem mostra que quase nove em cada dez eleitores, incluindo republicanos e independentes, consideram que Biden tomou a decisão certa, numa percentagem também inédita em sondagens.

Entretanto, a taxa de aprovação a Kamala Harris subiu para 46% em poucas horas, apesar de ela não ser unanimemente considerada a melhor candidata democrata.

Os temas mais importantes na política do EUA são, provavelmente, a economia, a Saúde Pública, as questões raciais (em especial, as relacionadas com a imigração), direitos cívicos, clima e meio ambiente, impacto das redes sociais e da tecnologia (as campanhas de desinformação serão grandes desafios para os candidatos e eleitores) e política externa (relações com a China, a Rússia e outras potências globais, bem como a postura dos EUA em conflitos internacionais).

Para os democratas, em especial, a mobilização dos eleitores, especialmente dos jovens e das minorias, será fundamental.

A partir de agora, os eleitores americanos deverão avaliar as qualidades presidenciáveis de Harris em comparação com as de Trump.

Kamala Harris, de 60 anos, filha de um economista imigrante jamaicano e de uma cientista indiana, cresceu em Berkeley, Califórnia, onde teve contactos e participou, desde tenra idade, em movimentos cívicos. Licenciou-se em Ciências Políticas e Economia, na Howard University, em Washington, DC, após o que fez uma licenciatura em Direito na Universidade da Califórnia. Entre 2004 e 2011 foi “District Attorney” (Procuradora) em São Francisco, Califórnia. Teve uma acção importante na reforma da justiça criminal. Foi a primeira mulher e a primeira mulher não caucasiana a exercer essas funções.

Entre 2011 e 2017, foi “Attorney General” (Procuradora Geral) também na Califórnia.

De 2017 a 2021, foi Senadora pelo Estado da Califórnia. É Vice-presidente dos EUA, desde 2021. A primeira mulher e a primeira afro-americana e asiático-americana na Vice-presidência dos EUA.

Donald Trump, de 78 anos, natural de Queen, Nova Iorque, é bacharel em economia pela Wharton School da Universidade da Pensilvânia e uma personalidade conhecida por ter breves aparições em filmes e séries de televisão e por ter produzido e apresentado o programa “The Apprentice”.

Em 2016 a revista Forbes considerou-o a 324.ª pessoa mais rica do mundo. Em 2017, foi eleito o 45.º Presidente dos EUA (e o mais velho a ser eleito, até Joe Biden). Segundo parece, com a “ajuda” dos russos e de muitas “fake news”…

A sua Presidência foi marcada pela proibição de entrada nos EUA de cidadãos de sete países de maioria muçulmana; por maciços cortes de impostos; tentativa de destruir o “Obamacare” (incipiente sistema de saúde), e por ter retirado os EUA das negociações do acordo da Parceria Transpacífica e do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas. Deu origem a uma guerra comercial com a China e reconheceu Jerusalém como capital de Israel.

Em Dezembro de 2019, tornou-se o terceiro presidente a sofrer um “impeachment” na Câmara dos Representantes, mas foi absolvido, pelo Senado, em Fevereiro de 2020.

Reagiu de forma lenta à pandemia COVID-19 e perdeu as eleições presidenciais, de 2020, contra Biden. É arguido ou réu em diversos processos judiciais a decorrer. E tem demonstrado ser um mentiroso compulsivo.

É entre uma afro-asiático-americana, sem grande currículo presidencial e um ex-presidente…desaustinado, que os americanos deverão ter de escolher.