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Argentina denuncia assédio à embaixada em Caracas e garante protecção a opositores em asilo

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O Governo argentino denunciou hoje o "assédio" contra a sua embaixada em Caracas, onde estão em asilo seis opositores do Presidente Nicolás Maduro, e que sairão juntamente com o pessoal diplomático, após a ordem de retirada pelo regime venezuelano.

"A Argentina repudia o assédio à sua sede diplomática em Caracas, na sequência da decisão do regime de Maduro de interromper o fornecimento de eletricidade", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros argentino num comunicado, no qual advertiu a Venezuela contra "qualquer ação deliberada que ponha em risco a segurança do pessoal diplomático argentino e dos cidadãos venezuelanos sob proteção'.

A mensagem da chancelaria argentina surge horas depois de um incidente ocorrido na segunda-feira, no qual, conforme denunciado por um dos requerentes de asilo e corroborado pela dirigente anti-chavista María Corina Machado, homens armados e encapuzados tentaram "tomar" a residência da embaixada argentina.

Pouco depois, após apelos à concentração de manifestantes da oposição no local, estes homens - presumivelmente membros das forças de segurança - retiraram-se.

Um dos requerentes de asilo, Pedro Urruchurtu, denunciou hoje na rede social X que o fornecimento de eletricidade foi cortado na sede da embaixada argentina em Caracas, onde se encontra juntamente com outros cinco colegas: Humberto Villalobos, Claudia Macero, Omar González, Fernando Martínez Mottola e Magallí Meda, esta última a chefe da campanha eleitoral da opositora María Corina Machado.

"Responsabilizamos o regime pelo cerco a esta sede diplomática, em violação do direito internacional e da convenção de Caracas sobre asilo diplomático, e por tudo o que nos possa acontecer aqui", acrescentou Urruchurtu.

O porta-voz da Presidência argentina, Manuel Adorni, descreveu hoje a situação como "extremamente sensível" e disse que o Governo está a acompanhar com "grande atenção" a situação dos seis venezuelanos em asilo na sede diplomática.

"Quando os diplomatas são retirados, os requerentes de asilo têm de ser retirados, pelo que não há outra decisão que não seja continuar a protegê-los, um assunto extremamente sensível que, para além da nossa responsabilidade e do nosso compromisso com eles, estamos a avaliar minuto a minuto o desenrolar dos acontecimentos e que solução encontramos para esta situação absolutamente lamentável", disse o porta-voz do executivo argentino.

O Governo de Maduro exigiu na segunda-feira que a Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai "retirem imediatamente os seus representantes em território venezuelano", em repúdio pelas suas "ações e declarações ingerencistas" relativamente às eleições presidenciais realizadas no passado domingo.

Segundo os resultados oficiais do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o Presidente Nicolás Maduro, no poder desde 2013, foi reeleito, mas que a oposição e parte da comunidade internacional contestam.

O Governo argentino não reconheceu os resultados das eleições e denunciou a fraude, enquanto o Presidente da Argentina, Javier Milei, afirmou que "nem Maduro acredita na fraude eleitoral que está a celebrar".

A principal coligação da oposição, a Plataforma Unitária Democrática (PUD), afirmou que o seu candidato, Edmundo González Urrutia, ganhou a Presidência por uma ampla margem (73%) e criou uma página na internet na qual divulgou os resultados eleitorais para reforçar a sua afirmação.

Pelo menos 749 pessoas foram presas na Venezuela nas últimas horas, quando numerosos protestos foram realizados em várias regiões do país por milhares de cidadãos contra o resultado das eleições.