Três destacados políticos da oposição venezuelana detidos pelas autoridades
As forças de segurança do Governo venezuelano detiveram nas últimas horas pelos menos quatro elementos da oposição, três deles figuras de destaque e um cuja identidade não foi revelada, segundo a imprensa local.
Vários canais de televisão, entre eles a VPI TV, transmitiram através do Youtube os momentos das detenções, mostrando alegados funcionários das forças de segurança, vestidos de preto e sem identificação visível, a intercetarem e prenderem os opositores, depois levados em viaturas.
Um dos detidos foi, em Caracas, o dirigente do partido Vontade Popular e coordenador do movimento opositor Com a Venezuela, Freddy Superlano.
Ainda na capital venezuelana, foi também detido o coordenador juvenil do partido Causa R, Rafael Sivira, e uma outra pessoa da oposição cuja identidade não foi revelada.
Na ilha venezuelana de Margarita, foi detido o ex-presidente da Câmara Municipal de Marcano, José Ramón Díaz, quando chegava à sua residência na cidade de Juan Griego.
A detenção de Díaz teve lugar depois de uma noite de protestos com participação de um número expressivo de pessoas, segundo vídeos partilhados nas redes sociais, tendo o político sido levado para a sede local do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC, antiga Polícia Técnica Judiciária).
Não há informação oficial sobre os motivos das detenções destas pessoas.
Segundo a ONG Foro Penal (FP), pelo menos uma pessoa faleceu e outras 46 foram detidas.
Desde segunda-feira que se registam manifestações em várias cidades venezuelanas contra os resultados oficiais das eleições de domingo, divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral.
Na segunda-feira, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou a reeleição de Nicolás Maduro para um terceiro mandato (2025-2031) consecutivo, com 51,2% dos votos.
O principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve 44,2%, de acordo com os dados oficiais divulgados pelo CNE.
A oposição venezuelana reivindica a vitória nas presidenciais de domingo, com 70% dos votos para González Urrutia, afirmou a líder opositora María Corina Machado, recusando reconhecer os resultados proclamados pelo CNE.
Hoje, a oposição prevê realizar uma manifestação de protesto nas principais cidades do país, no mesmo dia em que, em Caracas, as forças que apoiam o Presidente Nicolás Maduro, vão sair às ruas da capital em defesa dos resultados divulgados pelo CNE.
Vários países já felicitaram Maduro pela vitória, como Rússia, Nicarágua, Cuba, China e Irão, mas outros Estados da comunidade internacional, reconhecidos como democráticos, demonstraram grande preocupação com a transparência das eleições na Venezuela, caso de Portugal, Espanha ou Estados Unidos.
Nove países latino-americanos - Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai - pediram hoje uma "revisão completa" dos resultados eleitorais na Venezuela, país que conta com uma significativa comunidade de portugueses e de lusodescendentes.