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Crónicas

Nuno Borges, João Almeida e os Jogos Olímpicos

Que sejam uns Jogos inesquecíveis e que a participação portuguesa nos orgulhe a todos

Bom pronuncio para o que aí pode vir é o que me vem diretamente à cabeça perante a prestação de dois atletas portugueses, nos últimos dias em provas desportivas internacionais. No ATP de Bastad ou Nordea Open, como lhe quiserem chamar, na cidade sueca com o mesmo nome, o tenista português Nuno Borges conseguiu um duplo feito histórico. Primeiro porque venceu o seu primeiro título no ATP tour ( torneio mundial de ténis ), depois porque levou de vencido nada mais nada menos do que um dos grandes “monstros” de sempre deste desporto, o rei da terra batida Rafael Nadal. Considerado um dos maiores tenistas de todos os tempos, vencedor de 22 Grand Slams, mesmo longe da sua melhor forma não deixa de ser uma vitória incrível e que ficará para a história portuguesa nesta modalidade. No ciclismo foi João Almeida conhecido por “Bota Lume” a conseguir um fantástico quarto lugar na principal prova de ciclismo do Mundo, o Tour de France o que nos leva a ter grandes esperanças para a Vuelta de Espanha daqui por poucas semanas e onde tudo leva a crer que não terá a concorrência de alguns dos principais nomes da modalidade.

Estes dois históricos desempenhos assumem especial destaque se tivermos em consideração a dificuldade que existe muitas vezes no nosso país para sobressair para além do futebol. É muitas vezes ingrato para os nossos desportistas, alguns com prestações incríveis, receber o reconhecimento e a devida atenção quer da sociedade como dos meios de comunicação social. Poucas condições de trabalho e uma montra pequena e menos vistosa por não termos a mesma dimensão de outras Nações mais poderosas. Ainda assim é sempre bom lembrar que o desporto não se resume ao futebol e deve ser nosso dever enaltecer os nossos brilhantes atletas que levam as cores do nosso país mais longe.

Nos Jogos Olímpicos de Paris que agora se iniciaram Portugal levou uma representação de 73 atletas e pela primeira vez, há mais mulheres do que homens na comitiva. Assim como deve ser, sem quotas e sem descriminações positivas, apenas e só devido ao seu mérito e à qualidade do seu trabalho. Uma competição que se estima ter começado no ano de 776 a.C. com base em inscrições encontradas em Olímpia, na Grécia Antiga. É o apogeu para qualquer atleta e o altar supremo de reconhecimento internacional e que muito faz por certas modalidades com pouca visibilidade. Por ser realizada apenas de quatro em quatro anos, esta competição muitas vezes é uma oportunidade única para a qual muitos atletas dedicam parte da sua vida.

No evento de abertura dos Jogos com muito brilho e espetáculo não faltou a polémica e as mensagens que para uns revelam a inclusão e diversidade para outros promove o ódio, a violência, contrárias ao espirito que um evento destes deve ter. A encenação da “Ultima Ceia de Cristo” que colocou uma criança numa mesa cercada por travestis e transexuais não deixa de ser de gosto duvidoso, sobretudo numa época em que a sociedade anda tão dividida e que muitas vezes se poderiam evitar mais momentos de atrito. Ainda assim é bom saber que (ainda) vivo numa cultura ocidental em que podemos brincar com determinadas situações. Imagino o que seria se recriassem uma passagem do Alcorão com os mesmos transexuais e travestis…

Que sejam uns Jogos inesquecíveis e que a participação portuguesa nos orgulhe a todos. Em tempos estranhos como estes, desejar que tudo corra bem e sem incidentes já é um desafio…