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Bangladesh diz que líderes estudantis estão detidos para a sua própria segurança

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O Governo do Bangladesh declarou que três líderes estudantis, que estavam hospitalizados, foram detidos para a sua própria segurança, culpando os protestos dos estudantes pela onda de violência que atravessa o país.

Asif Mahmud, Nahid Islam e Abu Baker Majumdern, líderes da Estudantes contra a Discriminação, uma das organizações por trás das manifestações contra as quotas no serviço público, foram retirados à força do hospital por polícias à paisana.

As manifestações organizadas pelos estudantes levaram à repressão policial e a confrontos entre agentes de segurança e manifestantes que resultaram na morte de pelo menos 201 pessoas, segundo um levantamento da agência de notícias AFP baseado em dados hospitalares e da polícia.

Os três estudantes estavam a ser tratados num hospital de Daca devido a ferimentos causados, segundo dois deles, por sessões de tortura durante a sua detenção preventiva.

Nahid Islam, de 26 anos, o líder do protesto, disse à AFP na segunda-feira, quando ainda estava no hospital, que temia pela sua vida.

A polícia negou inicialmente que os três estudantes tivessem sido detidos antes de o ministro do Interior, Asaduzzaman Khan, tê-lo confirmado aos jornalistas na sexta-feira à noite.

"Não se sentiam seguros e pensavam que eram ameaçados por determinadas pessoas (...). Para a sua própria segurança, tiveram de ser interrogados para saber quem os ameaçava", declarou o ministro.

A semana passada foi marcada por incêndios em edifícios governamentais e esquadras de polícia em Daca, assim como a violentos combates de rua entre manifestantes e a polícia antimotim que também atingiram outras partes do país.

O Governo da primeira-ministra Sheikh Hasina mobilizou tropas, impôs o encerramento da internet a nível nacional e ainda um recolher obrigatório para repor a ordem. Pelo menos 4.500 pessoas foram detidas desde o início dos distúrbios.

"Realizámos buscas na capital e continuaremos a fazê-lo até que os autores sejam detidos. Só detivemos aqueles que vandalizaram e queimaram propriedades do Governo", disse à AFP o comissário da polícia metropolitana de Daca, Biplob Kumar Sarker.

Essa é uma das piores revoltas que o Bangladesh viveu desde que Sheikh Hasina voltou a ser primeira-ministra em 2009 (depois de ter desempenhado essas funções de 1996 a 2001).

No sábado, Hasina foi verificar os danos causados durante os distúrbios.

"Isso apenas paralisa a nossa economia e torna-nos uma nação de mendigos", disse a mandatária aos jornalistas.

O protesto começou após a reintrodução, em junho, de um regime que reservava mais de metade dos empregos na função pública para certos candidatos, incluindo quase um terço para descendentes de veteranos da Guerra da Independência do Bangladesh.

Nesse país do sul da Ásia, com cerca de 18 milhões de jovens desempregados, segundo dados oficiais, este sistema suscitou a ira dos licenciados, que enfrentam uma grave crise de emprego.

Segundo os manifestantes, estas quotas visam reservar empregos públicos para pessoas próximas da Liga Awami, partido da primeira-ministra.

O Supremo Tribunal bengali reduziu, no domingo passado, o número de lugares reservados dessa forma, mas os manifestantes querem que este sistema seja totalmente abolido.