Mais de 5.200 venezuelanos regressaram a partir da Colômbia na última semana
Mais de 5.200 venezuelanos viajaram para o seu país a partir da Colômbia entre 20 e 27 de julho, na semana prevista para as eleições presidenciais que decorrem no domingo, anunciou hoje a Migración Colombia.
O aeroporto internacional El Dorado de Bogotá foi o posto de controlo migratório com maiores saídas (1.545 pessoas), seguido na Ponte internacional Atanasio Girardot, na cidade de Cúcuta, departamento do norte de Santander, com 852 pessoas.
O Governo venezuelano anunciou que encerraria as fronteiras terrestres desde sexta-feira, originando uma interrupção inesperada do fluxo na fronteira entre os dois países vizinhos.
Na Colômbia, onde estão registados mais de 2,8 milhões de venezuelanos, apenas 7.012 estão inscritos para votar no domingo devido às dificuldades de registo nos consulados.
Perante a impossibilidade de voto para os milhões de venezuelanos da Colômbia, a oposição emitiu um apelo em Bogotá para a participação no escrutínio a quem tenha possibilidade de viajar para o país de origem.
Apesar de permanecer aberto o espaço aéreo, vários representantes internacionais, incluindo ex-presidentes venezuelanos, não conseguiram viajar a partir do Panamá, e também foi retida uma delegação de eurodeputados do Partido Popular Europeu (PPE), onde se incluía Sebastião Bugalho, e deputados espanhóis do Partido Popular (PP, direita, oposição).
Na sexta-feira, Angélica Lozano, senadora do Partido Verde, e a ex-presidente da câmara de Bogotá também denunciaram a proibição de entrada na Venezuela.
A Venezuela, país latino-americano rico em petróleo mas a braços com uma crise económica e social sem precedentes, realiza no domingo eleições presidenciais, após uma campanha eleitoral tensa e marcada por um sentimento de incerteza sobre o futuro.
Cerca de 21 dos 30 milhões de venezuelanos são chamados às urnas para escolher entre 10 candidatos, mas a disputa presidencial será entre dois nomes: o atual Presidente Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela), herdeiro do antigo líder Hugo Chávez e que procura conquistar um terceiro mandato consecutivo de seis anos, e Edmundo Gonzalez Urrutia (Plataforma Unitária Democrática), um diplomata reformado que substituiu na corrida eleitoral a carismática líder da oposição Maria Corina Machado, declarada inelegível pelas autoridades de Caracas.
Na reta final da campanha, Maduro considerou que uma vitória da oposição poderia originar um "banho de sangue", enquanto a coligação opositora prometeu lutar "até ao fim".
As sondagens mostram que a oposição está à frente nas intenções de voto, mas alguns observadores acreditam que a luta entre Maduro, 61 anos, e Gonzalez Urrutia, 74 anos, é muito mais renhida do que as estimativas sugerem.
Mergulhado numa crise económica sem precedentes, sete milhões de venezuelanos fugiram do país, que conta com uma significativa comunidade de portugueses e de lusodescendentes.
A maioria da população do país vive com alguns dólares por mês e os sistemas de saúde e de educação estão completamente degradados.