Mais difícil a “oposição radical” reconhecer uma vitória de Maduro
Eram 10 da manhã em Caracas. O ambiente político que se vive a menos de 24 horas das eleições presidenciais na Venezuela é de “profunda tranquilidade”, ainda que esteja mergulhada num cenário de “uma disputa eleitoral”, como nunca se assistiu nas últimas duas décadas e no qual surgem sondagens de que apontam para a vitória de Edmundo González, porém quem está no terreno acredita que essa será uma tarefa muito difícil e que Nicolás Maduro será reeleito pelo terceiro mandato consecutivo. O que é certo é que, para já, não “não existem incidentes relevantes” e “as ruas estão calmas”.
O retrato é feito desde Caracas pelos dois conselheiros madeirenses. Aleixo Vieira e Gil Andrade acreditam que a “segurança” manter-se-á inalterável, apesar de haver rumores de que independentemente dos resultados finais poderão existir distúrbios nas ruas da capital venezuelana.
“Estou convencido que não haverá nenhuma revolta e os candidatos saberão ser responsáveis e saberão respeitar a vontade popular, no entanto penso que será mais difícil a oposição radical reconhecer uma vitória do actual presidente do que ao contrário”, perspectiva Aleixo Vieira.
A opinião do coordenador dos conselheiros das comunidades, sublinha, é sustentada pelas informações que tem e da análise diária social e política que vai fazendo.
A mesma opinião tem o colega. Gil Andrade, emigrante natural de São Vicente, empresário de sucesso, começa por recordar que “o país tem vindo apresentar níveis de crescimento económico assinaláveis quando comparado com anos anteriores” e que permite, na sua óptica, “ter esperança que a Venezuela caminhará para uma situação muito melhor”, ainda que, recorde, “continue debaixo de um fortes sanções internacionais”, traz à memória os embargos, defendendo por isso um diálogo entre os diferentes actores políticos.
“O actual presidente [Nicolás Maduro] já deu sinais de estar disponível para o diálogo e para estabelecer entendimentos para que este progresso continue. É isso que esperamos. Que a Venezuela evolua, que cresça com tranquilidade, sem cenários de crise ou de instabilidade que faça com que a Venezuela tenha um retrocesso”, manifesta, frisando que assiste novamente o interesse de conterrâneos seus que querem regressar à Venezuela.
“Acho que isso diz muito”, reforça o conselheiro madeirense. “Ninguém volta a um país que não está bem. Já começamos a ver pessoas que regressam e isso, para mim, é um sinal de regozijo porque esta é uma terra que deu muito a muita gente e que continuará a dar, se Deus quiser”.
Enquanto isso, a diáspora de 7,7 milhões de venezuelanos – muitos dos quais fugiram da turbulência económica dos anos Maduro – enfrenta seus próprios obstáculos de votação. Dos 4 milhões de migrantes elegíveis para votar, apenas 69.200 estão registados, segundo dados oficiais.
Na Madeira são cerca de mil eleitores que podem votar, todavia existem muitos que dizem estar impedidos de votar por exigências burocráticas.