O custo das birras, da presunção e do histerismo pelo poder
Numa altura em que só se ouve falar que a Madeira é a região mais pobre do País, se apontam carências e dificuldades financeiras no seio das famílias para enfrentar o seu dia a dia, logo a população se depara com despesas desgarradas feitas por quem é pago com o dinheiro dos contribuintes para promulgar um ORÇAMENTO REGIONAL, que, ao que parece, havia urgência em ser aprovado, para que entre outras coisas, essa tal propagada pobreza não se agravasse mais.
É legítimo que se pergunte: Quanto custou ao erário público essa dispensável novela do Orçamento Regional?
Será que esse dinheiro desbaratado não fez falta à propagada região mais pobre do País?
Embora essas despesas ou custos adicionais não resolvessem os problemas da população, a verdade é que não deixa de ser um mau exemplo dado por aqueles que tanto falam em despesismo e suas consequências na vida dos cidadãos comuns.
Quando é que este regime dito democrático - que está a cair de podre por dentro em cada dia que passa – define LEIS que acabe com determinados comportamentos e chame a responsabilidades personagens que estão mais preocupadas com o seu ego, com a concretização das suas ambições pessoais e partidárias do que com a vida das populações?
E se não é assim, que nos desculpem, mas é indiscutivelmente o que parece.
Resumindo, levou-se semanas a discutir um assunto que em um ou dois dias poderia ter ficado – como ficou – resolvido... sem vencedores ou vencidos, como no futuro se verá.
Mas não é só aqui. Em Lisboa assiste-se ao debate do Orçamento de Estado que, por vezes, parece estarmos a assistir, no velho Parque Meyer, a uma revista hilariante.
Só que, sejamos sinceros, desta vez levada a cena por atores – muitos dos quais - medíocres, de baixo nível, que representam toscamente, se bem que, pela parte dos seus aficionados presentes, sejam brindados com coro de gargalhadas, frenéticos aplausos e alguns comentários carregados de histerismo deveras degradantes.
Da parte daqueles que não acham piada nenhuma verifica-se o silêncio, alguns sorrisos forçados à mistura, à espera, contudo, que os “artistas” em palco acabem com a sua atuação, para que eles também possam prosseguir com o espetáculo tristemente hilariante numa casa que não se dá ao respeito lá dentro, mas que alguns exigem que, cá fora, seja respeitada.
Que Deus tenha compaixão deste País e deste infeliz povo que, ao fim de cada mês vê retirar-lhes parte do (baixo) salário que ganha, para sustentar todo este e outros regabofes.
O que se ouve e o que se vê, é triste, desolador, leva ao descrédito dos votos e, consequentemente, dos cidadãos em relação ao Poder político e, isso sim, põe em risco o pouco que resta da democracia, se assim se pode chamar.
Ao que parece o Presidente da República, esgotadas todas as possibilidades de haver consenso entre os políticos, pode dissolver o Parlamento, (não sabemos se inclui os dos Açores e Madeira) fechar as portas do governo, criar um conjunto de pessoas independentes, credíveis, idóneas, competentes, formar um “seu” governo provisório até (ao que devia ser) à data a que estavam marcadas as próximas eleições.
E isso seria o ideal. Até lá, dava tempo aos partidos se reorganizarem, afastando algumas “ovelhas negras” novas e velhas, que por lá existem, se instruindo melhor no que diz respeito à democracia, como se a deve praticar, ( a mandar ou a ser mandado), muitos aperfeiçoando os seus níveis de ética, de compostura, de isenção e, sobretudo, de seriedade e integridade moral e, então, daqui a quatro anos, talvez estivéssemos em condições de implantar neste País uma DEMOCRACIA digna do seu nome.
E, já agora - que ninguém nos ouve nem nos lê - estamos crentes que o dinheirinho ao faltar no fim ou a meados do mês na conta bancária dos que – como se sabe - têm ou sentem a patriótica virtude de defenderem o seu povo e o seu País, ia fazer que o “aperfeiçoamento democrático” andasse à velocidade da luz.
E não tenhamos dúvidas enquanto não houver, digamos, umas medidas mais rígidas - se bem que alguns as iriam alcunhar de “fascistas” porque lhes mexeriam nos bolsos – vamos continuar a brincar à democracia com o entretenimento e proventos que a muito boa gente tem proporcionado e continua a proporcionar.
Aliás, há uns anos a esta parte uma conceituada senhora ministra dizia que, “esta” democracia deveria parar por uns seis meses para se apurar, mas hoje seis meses é pouco, quatro anos seria de facto o ideal e o indispensável.
Juvenal Pereira